terça-feira, 13 de setembro de 2016

O castelo, a coragem e o exemplo de Jesus Cristo

Castel Sforzesco, Milão, Itália
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O medieval encontrava o exemplo perfeito da coragem contemplando Nosso Senhor Jesus Cristo no Horto das Oliveiras.

Jesus Cristo é o protótipo de heroísmo.

Ele, no Horto das Oliveiras, não teve nenhuma atitude de estourado, pois isto seria incompatível com sua santidade infinita.

Ele mediu toda a tristeza das dores que Ele ia sofrer. Chegou a ter tanto medo dessas dores que suou sangue.

Mas apesar disto, como era dever dEle enfrentar aquelas dores, para cumprir a missão que o Padre Eterno lhe deu, Ele enfrentou tudo, levou a Cruz até o alto do Calvário e aí se deixou crucificar e morreu. Havia um ato deliberado da vontade dentro disso.

O cavaleiro cristão da Idade Média tinha eminentemente esta concepção da coragem. E o castelo era o fundo de quadro onde devia se exercer a coragem.

Ou servir de ponto de partida e referência constante de seus atos de heroísmo inclusive em terras longínquas. Como na Cruzada.

O cavaleiro tinha também no mais alto grau a noção do perigo.



Por isso vemos muito na literatura medieval as manifestações de tristeza do cavaleiro que vai para a guerra e tem que deixar seu castelo.

Montreuil-Bellay, França
Montreuil-Bellay, França
Ele se despedia chorando de sua família. Sua família, às vezes, o acompanhava até certo trecho da estrada. Na última despedida, longe do castelo, chorava-se mais uma vez.

E ele sentia tantas saudades de sua própria pátria, que os cavaleiros combinavam com suas famílias – quando as guerras eram longe – combinavam uma determinada hora do dia para rezarem juntos determinadas orações para matarem a saudade.

Vê-se aí a concepção profunda que eles tinham do risco, da dor da separação, da aventura toda que a guerra representava e quanto eles sofriam com isto.

Tanto mais que, se há uma coisa que o cavaleiro medieval não era, era propriamente um peitudo. Quer dizer, a duplicidade daqueles homens que não se comovem com nada, não se importam com nada.

O que é bonito segundo o conceito pagão comum ou cinematográfico, é ser insensível, não se incomodar com nada. Perde pai, mãe, mulher, filho e ele fica no enterro com a cara inteiramente comum, sem emoções. Na Idade Média isto seria considerado estúpido.

Um homem é naturalmente emotivo e é natural que ele dê largas a uma emoção bem calculada.

Por isto, muitas vezes aqueles cavaleiros choravam copiosamente.

Eles que na hora da batalha rachavam um turco meio a meio, ou que eram entravam sozinhos numa cidade até a mesquita muçulmana, para terem o prazer de serem os primeiros a abater o culto de Mafoma. Por quê?

Castelo de Mespelbrunn, entre Frankfurt e Wurzburg, Alemanha
Porque toda a construção do equilíbrio interno do homem em face do problema da dor e do perigo era uma construção eminentemente cristã.

Com aquele equilíbrio ele próprio era como um castelo vivo que avançava.

O cavaleiro medieval era, entretanto, habituado a uma alta ideia do dever.

Por isso ele tinha a noção clara das razões de ordem sobrenatural deduzidas da Fé e da Revelação, que o levavam a correr estes riscos.

E era por causa dessas razões sobrenaturais, que ele de fato se expunha à luta e ao combate.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra em 1954. Sem revisão do autor)



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Um comentário:

  1. Joana Benedita de Lima Moraes14 de setembro de 2016 às 09:59

    Bom dia!!! Que história bonita desse castelo. Obrigada!!!

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