Do castelo do Mosteiro de Rodilla (construído no século X, na região de Burgos, na Espanha) restou apenas uma torre sobre uma elevação.
É inegável que o fotógrafo focalizou um ângulo que causa uma impressão de heroísmo verdadeiramente sublime.
Por que provoca tal impressão? Um mosteiro não foi construído para se rezar?
Como então ele tem uma torre combativa como essa?
Que sentido tem um mosteiro-torre? Um mosteiro-fortaleza não é algo irreal?
A resposta é simples.
Devido às guerras que a Espanha teve de enfrentar – guerras de religião de maometanos-árabes contra católicos –, os mosteiros eram ferozmente atacados pelos muçulmanos, porque eles queriam exterminar a religião católica.
Tais mosteiros muitas vezes estavam situados no campo, pois os monges queriam viver em recolhimento, longe das cidades.
E para tal objetivo, precisavam viver protegidos dos ataques dos infiéis. Daí a construção de mosteiros-fortalezas.
Eram verdadeiras fortalezas, defendidas por monges obrigados pelas exigências a serem monges-guerreiros.
Suas mãos, muitas vezes ungidas, seguravam o cálice, o rosário, benziam, ministravam os sacramentos, davam absolvição — eram mãos símbolos de bênção e de paz.
Entretanto, se de longe eles vislumbravam os maometanos — o risco de vida evidente, assim como risco de profanação dos lugares sagrados, de violação das mulheres das redondezas —, era então a hora da coragem, aquelas mãos empunhavam a espada.
A torre tem qualquer coisa de heróico. Sólida e grossa para resistir a toda espécie de ataques, essa torre de combate como que brada: “Aqui estou, daqui ninguém me tira, resistirei a tudo!”
Ela é testemunha de gloriosas e antigas batalhas, de uma missão histórica esplendidamente realizada; uma lembrança do passado, quase uma relíquia abençoada pelo Céu.
O fotógrafo foi feliz ao registrar, com muito senso artístico, o movimento das nuvens acima da torre.
Tem-se a impressão de que a luz avança por esse céu cheio de nuvens, ilumina e cobre a construção com uma espécie de auréola — símbolo do amor de Deus que paira e ajuda a compreender a alta expressão moral da torre.
Para se sentir bem ao vivo o quanto as inovações do nosso século têm de degradante, imaginem junto à torre, por exemplo, um jipe... A simples presença de tal veículo estragaria o panorama, como que insultaria a torre.
Aliás, qualquer máquina moderna — um trator ou mesmo um lindo Mercedes Benz ou um Rolls Royce — não ficaria bem perto dessa torre.
A marca mecânica de nosso século não se compagina com esse panorama heróico.
(Fonte: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, 5/6/1984. Sem revisão do autor, in CATOLICISMO, setembro 2011).
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