terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O primeiro esboço de castelo apareceu sem Estado, quando a família era o último reduto.

Chaumont-sur-Loire, no vale do Loire, França.
Chaumont-sur-Loire, no vale do Loire, França.


No caos produzido pela decomposição do Estado após as invasões bárbaras, a família virou o último reduto dos homens.

A vida social se encerra no lar, pequena sociedade a princípio isolada, mas vizinha de outras iguais a ela, que aos poucos vão se agrupando para formar as primeiras coletividades.

Os homens que se revelam mais capazes tomam naturalmente a direção, capitaneiam a reação ante a natureza e os inimigos, organizam a defesa, a vida comum.

A hierarquia social renasce espontaneamente e a autoridade ressurge, numa comunidade formada por famílias, e que é por sua vez uma família maior, na qual o chefe será um pai comum que velará sobre todos.


O castelo primitivo, ou "Motte" na França era feita de toras. Desenho de Viollet-le-Duc.
O castelo primitivo, chamado de "Motte" na França era feito de toras.
Desenho de Viollet-le-Duc.
Este pequeno Estado familiar vive na “motte”, primeiro esboço do castelo, onde se alojam homens e animais, onde se guardam instrumentos de trabalho, colheitas e armas, moradia da família em tempos de paz e seu refúgio seguro em caso de perigo.

Desenhos de Viollet-le-Duc representam a “motte” típica.

Externamente é defendida por uma palissada de mourões pontiagudos e por um fosso com água, sobre o qual se baixa uma ponte levadiça.

Dentro estão as casas dos companheiros e servidores, os estábulos, celeiros e depósitos.

Ao centro uma elevação de terra, sobre a qual se ergue uma construção de madeira, em forma de torre — o “donjon” ou torre de menagem, a residência do chefe, do senhor.

Compõe-se de três andares, dos quais um ocupado pelo celeiro, outro pelas salas de estar e de dormir, e o terceiro, o mais alto, utilizado para posto de observação.

A torre servia para controlar o acesso ao castelo. Castelo de Chenonceaux, Loire, França
A torre servia para controlar o acesso ao castelo.
Ao lado, o fosso defensivo.
Castelo de Chenonceaux, Loire, França

Ali o vigia passa os dias perscrutando o horizonte. Se pressentir algum perigo, dará o alarma, para que todos se recolham para dentro da “motte” e de lá organizem a defesa.

Se o ataque chegar a romper a palissada, ainda haverá o recurso de se refugiarem na torre de menagem — protegida por um segundo fosso com água, e com sua própria ponte levadiça — e de dentro dela continuarem a resistir.

A descrição ficaria incompleta sem uma referência aos “túmulos” (pequenos montes de terra colocados fora do fosso, como primeira linha de defesa) e ao círculo de pedras que delimita o espaço reservado às assembléias, nas quais, sob a direção do chefe, se tomam as deliberações mais importantes.

Neste pequeno mundo autônomo e auto-suficiente, o chefe é a suprema autoridade, é quem organiza o trabalho e a defesa. Ele é chamado “sire”, e sua esposa, “dame”.

O grupo aos poucos toma o seu nome.

A vida é simples e frugal. Cultivam-se as terras ao redor, e uma indústria rudimentar, doméstica, fabrica todo o necessário para a subsistência e também para proporcionar algum conforto.

Não há comércio. Só aos poucos começarão as trocas com os vizinhos. O homem cresce, trabalha, ama, sofre e morre no próprio lugar onde nasceu.

Esta família ampliada é para seus membros a verdadeira pátria. Cada um a ama com amor vivo, porque a vê toda inteira ao seu redor, porque sente diretamente sua força, sua beleza, sua doçura.

Castelo de Pichon Lalande. O castelo também tem uma dimensão familiar.
Castelo de Pichon Lalande. O castelo também tem uma dimensão familiar.
Ela lhe proporciona uma proteção sólida e indispensável.

Sem ela ele não sobreviveria, pois o mundo exterior é inimigo.

Nascem assim sentimentos profundos de solidariedade entre os membros.

A prosperidade de uns beneficiará os outros, a honra de uns será honra dos demais, a desonra de um recairá sobre todos. Estes sentimentos se fortalecerão à medida que a família crescer e progredir.

(Fonte: “Catolicismo”, nº 57, setembro de 1955)


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5 comentários:

  1. adorei esse site e escreva o q eu to falando... um dia um desses castelos vai ser o meu!!! kkkkkkk brinkadera!!

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  2. adorei esse site e escreva o q eu to falando... um dia um desses castelos vai ser o meu!!! kkkkkkk brinkadera!!

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  3. amaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

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  4. Legal....Incrível!!!! A localização é muito linda. Sem palavras.

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  5. Lindo texto, lindos castelos. Sonho em visitar um destes e me hospedar por uns tempos...

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