terça-feira, 24 de novembro de 2015

Glamis: mistérios, combatividade, alteridade, heroísmo

Castelo de Glamis




O espírito escocês gosta da luta, da vida com dramas brumosos. Ele não se sente feito para a plácida vida de todos os dias.

E isso se reflete no castelo de Glamis.

O castelo escocês parece dizer que a batalha é um dos temperos da vida, que lhe dá sabor e a torna digna de ser vivida.



Glamis: castelo imerso nas saudades do passado
Glamis: castelo imerso nas saudades do passado
Essa atitude diante da existência fica sem rumo, sombria, triste, quando não está sujeita aos altos ideais do catolicismo e não se ordena em função da glória de Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado, seguindo o exemplo da legião dos mártires e dos cruzados.

A Escócia embora tendo caído no protestantismo, conservou grandes saudades de seu passado católico.

A lembrança de sua última soberana católica, Maria Stuart, rainha de sonhos, ficou com uma fada boa que reanima as esperanças.

Entre os castelos escoceses destaca-se o de Glamis, situado em Agnus, a leste do país. Desde 1372 ele é residência da nobre família dos condes de Strathmore, do clã Bowes-Lyon, na qual nasceu a Rainha Mãe, ilustre progenitora da rainha Elizabeth II, felizmente reinante.

Glamis: uma cadeira da capela está reservada  para o fantasma de Lady Janet, a "Dama Cinza"
Glamis: uma cadeira da capela está reservada
para o fantasma de Lady Janet, a "Dama Cinza"
Segundo a lenda, apresentou-se então um desconhecido para jogar com ele. Este seria o próprio diabo, que acabou levando a alma do conde Beardie.

Em 17 de julho de 1537, Lady Janet, viúva do 6º Lord Glamis, foi queimada em Edimburgo, acusada de bruxaria e de ter envenenado seu marido.

Na capela do castelo há uma cadeira que ninguém pode usar, pois é para a “Dama Cinza”, um fantasma que habitaria o castelo e que não seria outro senão o de Lady Janet.

Obviamente ninguém nunca o viu, mas a cadeira está ali, reservada.

A lenda mais fantasiosa é a do 'Monstro de Glamis', uma criança que teria nascido espantosamente disforme e teria sido encerrada numa suíte até o fim de seus dias.

Para quem ouviu falar dos dramas psicológicos e dos fantasmas morais que perseguem as mulheres que abortaram, a história não soa tão estranha.

Glamis: “Que honra nosso Duque acaba de fazer ao Rei!”
Glamis: “Que honra nosso Duque acaba de fazer ao Rei!”
Em verdade, Glamis é mais famoso pelo fato de nele ter nascido Lady Elizabeth Bowes-Lyon, posteriormente rainha da Inglaterra e mãe da atual rainha Elizabeth II.

Da família proprietária conta-se um fato que descreve o espírito de alteridade e a personalidade do povo escocês.

Quando a filha dos donos do castelo ficou noiva do duque de York, futuro rei Jorge VI, o pai da moça, que viria a ser a Rainha Elisabeth (mais lembrada como a Rainha Mãe), reuniu no hall do castelo toda a criadagem.

Comunicou então que a filha ia ficar noiva do filho de Sua Majestade o Rei da Inglaterra e da Escócia, etc., etc.

A criadagem recebeu o anúncio com muito respeito.

Depois de feita a comunicação, escoou lentamente do cômodo do castelo, comentando: “Que honra nosso Duque acaba de fazer ao Rei!”.

Foi uma afirmação indireta, mas cheia de sabor, do espírito da Escócia do tempo que era um reino católico independente!

O castelo é habitado atualmente pelo conde Michael Bowes-Lyon, 18º conde de Strathmore e Kinghorne.


Video: Glamis e as saudades de uma Escócia toda católica




O castelo de Glamis, sua fabulosa grandeza e a fantasia

O castelo localiza na aldeia de Glamis, a doze milhas da cidade de Dundee, em Angus, no leste da Escócia. Pertencente à família Bowes-Lyon, um dos mais antigos clãs da nobreza escocesa, é a residência do Conde e da Condessa de Strathmore, que abrem o castelo ao público.

Lady Elizabeth Bowes-Lyon, mais conhecida como Rainha Mãe, nasceu neste castelo, no dia 4 de Agosto de 1900, e passou ali a sua infância. Desde 1987, uma imagem do castelo está estampada no reverso da nota de dez libras esterlinas emitida pelo Banco Real da Escócia.

Glamis sob a neve.
Glamis sob a neve.
Glamis situa-se na larga e fértil planície do vale de Strathmore, próximo de Forfar, capital de Angus, aproximadamente a 20 quilômetros do Mar do Norte.

A propriedade em volta do castelo cobre mais de 14.000 acres (57 km²) e, além do luxuriante jardim com trilhos para caminhadas, produz madeira e carne de vaca com fins económicos.

Um bosque reúne árvores de todo o mundo, muitas delas raras e várias vezes centenárias. Pássaros e outros pequenos animais selvagens são comuns por toda a herdade.

A vizinhança do castelo de Glamis apresenta vestígios pré-históricos.

Em 1034, o Rei Malcolm II morreu em Glamis após ter sido mortalmente ferido numa batalha nas redondezas.

Desde 1372, o castelo pertence aos senhores de Glamis, mais tarde Conde e Condessa de Strathmore e Kinghorne.

Segundo a tradição é o castelo que tem mais mistérios na Escócia. Fala-se do Monstro de Glamis, uma criança de nome Thomas hediondamente deformada que teria sido confinada num quarto murado depois do seu falecimento.

A novela do monstro pode ter sido inspirada na história verdadeira dos Ogilvies. Algures, na parede de quase cinco metros (16 pés) de espessura, há uma “sala de caveiras”, onde a família Ogilvie foi emparedada até morrer de fome por seus inimigos, os Lindsays,

Também se fala de um outro monstro que teria existido no lago Loch Calder, perto do castelo.

O Conde Beardie, um dos hóspedes do castelo, certa noite, já embriagado, convidou os amigos para jogar cartas.

Mas os seus anfitriões recusaram, alegando que era um dia religioso. Lord Beardie ficou furioso e berrou que jogaria com o próprio diabo.

Logo após, um estranho entrou no castelo e perguntou se Lord Beardie desejava um parceiro. Começaram a jogar numa das salas de onde os criados ouviram sair gritos e maldições.

Um deles foi espreitar pelo buraco da fechadura, mas um raio de luz atravessou o orifício e cegou-o. O estranho desapareceu levando a alma do ímpio conde consigo.

Em tempos posteriores houve quem disse ter ouvido gritos e o som dos dados a rolar. Seriam do conde ainda jogando cartas com o diabo.

Na peça “Macbeth”, de William Shakespeare (1603-1606), o rei reside no castelo de Glamis, embora o histórico Rei Macbeth da Escócia (que faleceu em 1057) não tenha ligação com o castelo.

O castelo também é mencionado ou aludido em numerosas novelas e filmes de ficção ou terror, inclusive muito recentes.


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4 comentários:

  1. Mas eu gostei desse Castelinho! falta apenas um pouco mais de cor. flores, sim flores.

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  2. Concordo com o anônimo, falta cores. Me apaixonei pelo castelo mas essa falta de cores deixa um ar de tristeza.

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  3. Joana Benedita de Lima Moraes26 de novembro de 2015 às 17:48

    Nossa! Que história! Emocionante viu? Gostei muito. Um abraço.

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  4. Adoraria conhecer todos esses castelos, com suas memoráveis histórias, mesmo os mais sombrios, com fama de assombrados. Tudo faz parte da cultura européia, tudo é fascinante.

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