Montemor-o-Velho: igreja de Santa Maria da Alcáçova, na vila protegida pelo castelo. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O castelo de Montemor o Velho — com suas muralhas a coroar o monte, tendo a seus pés a vila, próxima do rio Mondego, na planície final que o conduz ao mar — constitui um exemplo entre tantos da vocação guerreira que marcou Portugal desde os primórdios de sua existência como nação cristã.
Situado no distrito de Coimbra, no centro de Portugal, o rio Mondego passou a constituir a divisa natural que separava os territórios cristãos das terras ocupadas pelos mouros após a decadência da província romana da Lusitânia.
No século VIII os muçulmanos do Norte da África invadiram a Península Ibérica.
Um chefe mouro teria construído uma fortificação e uma mesquita no lugar onde se encontra o castelo de Montemor o Velho.
Após a reconquista de Coimbra ao rei de Castela no século XI, Afonso VI reconstruiu a fortaleza e fez erigir a igreja de Santa Maria da Alcáçova, ali abrigada até nossos dias, objeto embora de várias restaurações.
Portugal ainda não existia como reino. Os beneditinos da Abadia de Cluny, na Borgonha, exerceram a sua influência junto aos monarcas cristãos da Península Ibérica, a fim de auxiliá-los na luta contra os mouros.
Foi assim que o conde Henrique de Borgonha, do ramo capetíngio, veio ao reino de Leão para servir Afonso VI na luta contra os maometanos.
O rei de Castela e Leão deu-lhe em casamento uma de suas filhas, Teresa, e como dote o território que constituía o Condado Portucalense.
Seu filho Dom Afonso Henriques proclamou a independência de Portugal e iniciou a reconquista dos territórios ao sul, tomados pelos mouros.
O primeiro rei expandiu a fronteira até ao Alentejo e seus filhos Sancho I e Sancho II completaram a configuração que grosso modo o país apresenta até hoje.
Montemor-o-Velho assediado pelos mouros. |
Compreende-se assim a importância estratégica de Montemor o Velho na ocasião.
Hoje, suas pedras nos recordam epopeias e personagens de outros tempos.
Que força, que ímpeto, que almas tinham esses portugueses que não recuavam diante dos inimigos!
E, não contentes em limpar deles a pátria, saíram a conquistar mundos novos ao velho mundo!
A Ínclita Geração, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque, Dom Sebastião…
Quem se atreveria comparar-se a essas estrelas que brilham no firmamento de Portugal?
O próprio Camões, quase contemporâneo, já se alarmava com os estigmas de decadência.
E Afonso de Albuquerque, voltando de uma expedição ao Mar Vermelho rumo a Goa, ao saber da nomeação de um fidalgo-comerciante para substituí-lo no governo da Índia, só exalou esse gemido: “Não há mais honra em Portugal!”
E morreu antes de chegar a Goa. O novo governador já não vinha com o intuito de conquistar almas para a Cristandade, mas para fazer comércio…
O último florão do heroísmo épico português talvez tenha sido Dom Sebastião, “o desejado”, porque assim o povo intuiu que devia esperá-lo.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira via nessa intuição uma espécie de regra de tudo quanto é vivo.
Resumindo muito o seu pensamento, ele observava que tudo quanto é vivo, quando progride como deve, produz em certo momento um fruto muito superior ao que se poderia imaginar.
Seria como uma planta da qual nasce inesperadamente uma flor magnífica, maravilhosa.
Muralhas de Montemor-o-Velho |
Da sua condição de católico lhe vinha toda a força, toda a grandeza e o melhor da beleza, que é a beleza moral. Essa era a esperança que as almas boas tinham em Dom Sebastião.
O povo português teve a nobreza de reconhecer nele o rei de seus sonhos, capaz de ressuscitar e fazer refulgir o espírito de cavalaria agonizante.
Depois, o mistério: Dom Sebastião vai para a África e a batalha de Alcácer Quibir se revela um desastre.
E ele, em quem os portugueses viam um novo São Luís IX, um novo São Fernando de Castela, desaparece de maneira misteriosa no campo de batalha!
No próprio dia em que ele morreu — numa época em que não havia qualquer meio de comunicação — três almas santas noticiaram entristecidas e apavoradas: o rei Dom Sebastião de Portugal morreu em Alcácer Quibir!
Uma dessas almas foi Santa Teresa de Jesus, a grande. Outra foi o Pe. José de Anchieta — hoje santo canonizado — o grande apóstolo do Brasil:
“Morreu o rei de Portugal! Grande desastre para a Cristandade!”.
Talvez se possa conjecturar que depois desse desastre Portugal — e com ele o Brasil — não voltaram a ser os mesmos.
Faltou-lhes o rei-modelo que esperavam. Portugal ficou submisso à coroa espanhola. Veio a restauração com os Bragança.
Mas o último rei e seu herdeiro seriam brutalmente assassinados em 1908.
A República, proclamada em 1910, conduziu Portugal à mediocridade e à pobreza de nossos dias, sempre destruindo costumes e tradições, jamais proporcionando qualquer oportunidade de elevação que lembre a grandeza de seu passado.
A fortaleza de Montemor-o-Velho: visão de conjunto |
As profecias de Fátima, que vão se cumprindo, são o foco de todas as esperanças de uma punição exemplar e definitiva do mal e o triunfo final do Coração Imaculado e cheio de Sabedoria de Maria Santíssima.
(Autor: Gabriel J. Wilson, in CATOLICISMO, agosto de 2016)
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Muito lindo!!!Cada um mais lindo que o outro. E suas histórias são muito interessantes.
ResponderExcluirObrigada!!!
Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
ResponderExcluirreparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho.Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns, decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite A Verdade Em Poesia, e se o desejar siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
A Verdade Em Poesia.