quarta-feira, 18 de maio de 2022

Utilidade militar da torre de menagem

Torre de menagem do castelo real de Vincennes, Paris, França.  A mais alta da Europa: 50 metros. No fundo: a capela
Torre de menagem do castelo real de Vincennes, Paris, França.
A mais alta da Europa: 50 metros. No fundo: a capela
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Na Idade Média os castelos tinham uma torre no seu ponto mais alto e mais estratégico.

Essa torre era chamada pelos franceses de donjon, e em português se diz a torre de menagem.

Era a torre mais alta, mais sólida e inacessível.

E, no caso de o castelo ser invadido, a retaguarda que foi derrotada na defesa das muralhas se recolhia nessa torre.

Donjon do castelo de Septmonts, Aisne, França
Donjon do castelo de Septmonts, Aisne, França
À medida que as muralhas do castelo fossem assaltadas pelos invasores e que a ponte levadiça fosse abaixada, os invasores apertavam o cerco em torno de partes mais internas do castelo.

O último cerco era à torre de menagem, que continha todos aqueles que tinham resistido, mas que foram sendo dizimados e se refugiavam na última resistência.

Na torre de menagem havia andares cuja escada não era fixa como nas nossas construções, mas havia uma abertura, um alçapão, e a escada ficava no andar de cima.

Quando eles queriam, baixavam a escada para descer e depois suspendiam.

De maneira que se um invasor, por exemplo os muçulmanos, entrasse na torre de menagem, não tinha jeito de passar do andar de baixo para o andar de cima sem levar toda uma saraivada de flechas dos que estavam em cima na última resistência.

Torre de menagem do castelo de Vez, Picardie, França
Torre de menagem do castelo de Vez,
Picardie, França

Além de subir até ao alto da torre de menagem, de lá eles podiam soltar pombos-correio para todos os castelos aliados, avisando que estavam sendo assaltados e pedindo auxílio para os castelões aliados virem derrotar os sitiantes.

Além disso havia uma outra saída. Havia, embutida na parede da torre de menagem ou de outra qualquer forma, uma ligação invisível com um subterrâneo.

Esses subterrâneos eram longos e conduziam para lugares inteiramente diversos que os sitiantes não podiam imaginar.

Atuais portas do donjon de Vincennes pesam 700 kg
Atuais portas do donjon de Vincennes
pesam 700 kg
Ponte que liga o castelo ao donjon podia ser retirada, isolando a torre. Vincennes, Paris
Ponte que liga o castelo ao donjon
podia ser retirada, isolando a torre.
Vincennes, Paris

De maneira que, quando eles às vezes conseguissem conquistar a torre de menagem, os sitiantes chegavam em cima e encontravam o quê?

Vazio, porque à última hora os soldados e os cavaleiros que guarneciam a torre de menagem fugiam para longe.

Havia coisas terríveis, porque havia subterrâneos desses que calculadamente davam para areias movediças de praia, ou poços profundos.

Os perseguidores iam correndo atrás deles para pegá-los logo. E quando davam conta de si, eles já estavam com os joelhos na areia movediça.

Eram uns mortos-vivos, porque iam ser enterrados irremediavelmente pela areia. Ou caíam em algum poço escuro.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra em 30/11/94, sem revisão do autor)


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quarta-feira, 4 de maio de 2022

Saumur e a Torre do Templo: Civilização Cristã e Luz de Cristo

Très Riches Heures, setembro, Saumur
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O que é que é o Lumen Christi, a Luz de Cristo, se refletindo na Cristandade?

Consideremos a iluminura que representa o castelo de Saumur, com aqueles clochetons, aqueles lírios dourados, a multidão de torres, etc.

Ali o Lumen Christi faz-se sentir da mesma maneira do que na catedral de Orvieto? Ou, por exemplo, no interior da Sainte Chapelle?

Não. É uma outra coisa.

Na iluminura de Saumur nos vemos diretamente a ordem natural: esta é o elemento que mais atrai e solicita análise.

A ordem natural no que ela tem de belo, ordenado, reto, fala racionalmente de um Deus ótimo máximo pairando por cima do castelo.

 
Assim como na água benta paira a benção de Deus, assim também a graça pode, por analogia, agir através de símbolos naturais. E nos símbolos naturais nos vemos algo que é de Deus.

Trono de Santo Eduardo, Torre do Templo, LondresO trono de Santo Eduardo, por exemplo: “quanta doçura há nele! Quanta dignidade! Oh Santo Eduardo para quem esse troneto foi esculpido! Oh magnificência! Oh Rei!”

Comparem Santo Eduardo com algum dos ditadores furibundos ou dos presidentes amanteigados de nosso século.

Comparem com Hitler ou com Clinton. O que é esse trono de madeira como valor material em comparação com a mesa do tal “Salão Oval” da Casa Branca?

O que é aquele trono em comparação com quanta coisa que Hitler teve a seu serviço?

O trono medieval tem aquela ogiva que sobe, e tem aquelas coisas, tem aquela distância, a cor do carvalho, e alguma coisa mais que Santo Eduardo deixou nele e que se comunica até às imitações.

É a Luz de Cristo se refletindo num trono de matéria. É algo inimitável e impossível de ser produzido pelo simples ser humano. É obra da graça.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira. Texto sem revisão do autor).


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