Castelo medieval de Guimarães |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O castelo de Guimarães é um castelo da Idade Média com reformas de tempos posteriores.
Sério, sóbrio, distinto, ele transmite uma nota que é muito própria aos palácios portugueses.
É uma nota que também faz pensar no Brasil e no estilo de ser brasileiro, e que é a seguinte.
Os castelos europeus são todos muito bonitos, mas estabelecem uma espécie de solução de continuidade entre o castelo e o castelão e quem passa perto.
Eles transmitem a idéia de que o castelo é meio inacessível e onde é meio difícil de entrar.
Essa ideia não é intrinsicamente ruim; pelo contrário, ela cabe bem cabe no papel de quem é superior.
Em linhas gerais eu não critico essa concepção geral das coisas, eu até a louvo.
Pois eu gosto muito das coisas imponentes, majestosas e que sabem estabelecer distâncias.
Paço dos Duques de Bragança, na mesma municipalidade do castelo medieval |
E o velho castelo português, ou o velho solar português, não diz a quem passa: “Não entre porque eu sou um castelo.”
Mas diz o contrário: “Olha, eu sou um castelo. Não quer entrar?”
E o popular português olha para esse convite com um sorriso largo de quem se sente em seu Portugal, e bem interpretado pelo senhor feudal dono do castelo.
É também o caso de muitos outros solares um pouco apalaciados, como o Solar de Mateus que aparece em garrafas de um conhecido vinho rosé.
O castelo de Guimarães é muito imponente, muito distinto. E é digno de nele morar um príncipe.
Mas ele sugere que qualquer um que nele entrar encontrará ali a sua própria casa. Que será recebido com afabilidade, com bondade, que é uma nota nova que Portugal e Brasil inauguram nas harmonias do mundo. São povos chamados a isso.
Ao lado de autêntico castelo, Guimarães tem qualquer coisa de casa de família.
E quem não conhece o castelão, pode supor que ele é homem de sair e ficar conversando com gente que está em volta.
E que ele é respeitadíssimo. Mais como patriarca do que como governador!
Paço dos Duques de Bragança, na mesma municipalidade do castelo medieval |
Nas casas modernas não se sente mais a intimidade desses castelos, solares e fazendas.
É uma virtude que começou a perfumar o mundo partindo de dentro de Portugal. O modo brasileiro deve ser é esse.
Por exemplo, comparemos Guimarães com o esplêndido castelo mouro de Granada. Esse tem uma beleza monumental que enregela um pouco.
Tome a minha querida torre de Belém, o mosteiro da Batalha, o Jerônimos: não enregelam. A pessoa desabrocha lá dentro.
Há uma qualquer coisa que é própria ao gênio luso que desabrocha no castelo de Guimarães.
Esse gênio assim não leva para a moleza. Basta estudar, ou ler um pouquinho a vida do Beato Nuno Álvares, cavaleiro por excelência, ou de qualquer digno morador de um castelo português para constatá-lo.
O local foi campo de uma batalha decisiva para a formação de Portugal |
Em frente dele há o terreno onde se travou uma batalha feroz, dentro das batalhas decisivas da história de Portugal.
Cristãos e mouros ali se agarraram, se mataram, rolaram ums com os outros, no meio das exclamações, das pancadas, das punhaladas e das espadadas, ferozmente.
Porque todas as medalhas têm seu reverso.
Foi a Batalha de São Mamede, travada na periferia da cidade em 24 de Junho de 1128, que teve importância decisiva para a formação do reino de Portugal.
É assim que o castelo de Guimarães, ainda que só olhado por fora, deixa uma recordação imperecível.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 3.8.83. Sem revisão do autor)
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O estilo descritivo de Doutor Plínio é inconfundível, originalíssimo! Percebe-se logo que se começa a ler, e os castelos portugueses também tem características próprias de Portugal, simples, mas muito convidativos.
ResponderExcluirMuito interessante estas historias! Lindas, nem parece ser verdade. Sabendo se que o povo de antigamente
ResponderExcluirera bem menos desenvolvido. Não tinha as tecnologias que possuímos hoje. Impressionante como
criavam obras maravilhosas como estas que sobreviveram ao tempo. Sem palavras....lindosss...
Muito Majestoso! Belo e Magnifico! sem palavras!
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