continuação do post anterior (para os dados históricos clique aqui)
O castelo de La Brède nasceu como um castelo estritamente funcional. Todas as partes dele foram calculadas para uma função militar muito definida.
Mas, apesar dele ser estritamente funcional, não lhe falta grande beleza e encanto. E isso não obstante o fato de se tratar de uma construção pobre.
De onde vem essa beleza e esse encanto? Qual é o valor artístico desse castelo construído manifesta-mente com a preocupação principal de ser uma fortaleza e não de ser uma bonita construção?
O primeiro elemento de beleza é dado pelas águas. Tudo que fica à beira da água sobe de valor.
Se o castelo estivesse no meio do campo, ele perderia enormemente. Mas a água lhe dá uma moldura de irrealidade.
O céu e o castelo se refletem na água e toda a arquitetura se nobilita.
Há um modo digno e plácido do castelo dominar a água, que lha dá uma distinção aristocrática tranqüila. Por esta forma, o castelo sai da linha do vulgar.
De outro lado, é bonito que o contorno da ilha não seja regular. Há uma inopinada doçura nessa forma. E o que essa forma tem de achatarrada é vantajosamente compensado pelas torres.
Nada menos do que seis torres ou cúpulas se levantam no castelo. A torre principal domina todo o castelo com a sua massa. As pequenas torres lhe fazem cortejo. E o telhado superior dá toda a impressão de pertencer à capela do castelo, encastoada no corpo da construção.
Por outro lado, as duas ilhotas de forma tão diferente com uma torre separada têm um quê de inde-finivelmente digno e plácido apesar do seu ar de fortificação.
A torre flanqueada por duas outras menores, que lhe dão como que um apoio, e que se perde nas águas, fica distanciada do resto.
E depois, muito inopinadamente, há uma ilha com forma de quadrilátero, realçada por um arbusto e um grande gramado verde, com a beleza dos gramados europeus.
O conjunto dá um ar de calma, dignidade, altaneria, distinção, harmonia, mas ao mesmo tempo de fantasia que distraem a vista.
É o charme, o encanto, do pequeno castelo e da pequena vida de castelo, da pequena nobreza.
A arquitetura nos dá certa idéia de como era a vida nos castelos medievais. Sobre tudo nos mais numerosos: isto é, os mais pequenos povoados por uma nobreza ligada à terra. É uma nobreza que vive na familiaridade dos homens do trabalho manual e constitui o ponto de apoio da verdadeira aristocracia na massa da nação.
É essa nobreza que conseguiu em algumas regiões da França, levantar os camponeses contra a Revolução Francesa e produzir a Chouannerie. É este tipo de castelo, é este tipo de ambiente.
A vida que aqui se leva é de que gênero? Em geral as famílias típicas moradoras destes castelos eram numerosas.
O filho mais velho ficava no castelo. E como o castelo era ao mesmo tempo a sede de uma pro-priedade rural grande, ele se dedicava à agricultura e à criação, e exercia alguns poderes governativos sobre seus súditos.
Eram restos do feudalismo, que é o regime político, social e econômico no qual esse tipo de construção foi concebido.
Um nobre desse tipo, de vez em quando freqüentava a corte do rei, aonde ele tinha um lugar proto-colar, embora modesto, mas definido, em razão de sua categoria e de seu nascimento.
Mas, em geral, a sua vida era pacífica. Quando moço ele servia no exército, e quando ele se tornava um pouco mais maduro, ele se retirava para as suas terras.
E então entregar-se o resto da vida à agricultura, à criação, a esse pequeno governo local, à educação de seus filhos, ao convívio com sua esposa, e de vez em quando ele ia ver o rei em Paris. Era esta a vida calma e operosa de um castelão desse tipo.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra pronunciada em 4/9/1967. Sem revisão do autor).
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Bem modesto, mas muito interessante a história desse castelo.
ResponderExcluirGostei pela impressão de simplicidade, mas de grandeza destacada
dentro da história. Um abraço.
Muito gosto do vosso trabalho, a beleza dos textos, histórias e imagens, enriquecem qualquer leitor que por aqui se aventure... obrigado e muita LUZ.
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