Luis II da Baviera. Ferdinand von Piloty,1865, Bayerische Staatsgemaldesammlungen, Munich. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O castelo de Neuschwanstein foi mandado construir pelo rei Luís II da Baviera (1845-1886).
Ele corresponde a uma concepção romântica ou wagneriana da Idade Média. Mas, é impossível não reconhecer muito valor, sobretudo à realização que ela aqui tem.
Luis II entrou para a história como o rei ao mesmo tempo casto e fabuloso, duvidoso e crapuloso, herói e lamacento.
Foi uma figura ambígua que marcou a história da Baviera.
No castelo nós vemos um dos aspectos bonitos da alma do rei.
Ele era apaixonado pelas coisas medievais.
E mandou construir este castelo com uma nota característica: na Idade Média não se construíam castelos assim.
E ele, ou o engenheiro que trabalhou sob orientação dele, imaginou um castelo não precisamente medieval, mas com todo o espírito medieval. De maneira que tem qualquer coisa que transcende o gótico.
No que? No senso de batalha, de combate e de dignidade afidalgada do homem medieval.
O castelo fica num panorama ultra favorável. Há no fundo um longo movimento montanhoso.
E o castelo está num píncaro em relação às circunjacências, tendo como fundo lagos de água puríssima.
Também há uma floresta plantada que não é floresta virgem. Mas é tão densa e vigorosa que parece floresta virgem
Bem no meio está o castelo. Ele como que recebe sua força dos montes que desembocam nele, dominando tudo o que fica abaixo de um modo soberano.
Deita uma garra sobre a natureza como um rei que procede de uma genealogia fabulosa e domina os seus povos de um modo altaneiro.
Neuschwanstein é um verdadeiro herói que olha do alto os panoramas, e que se sente superior a todo o panorama que considera.
A primeira impressão que sugere Neuschwanstein é produzida pelo jogo das torres.
Sobretudo a mais alta, que desafia os montes que estão atrás, como quem diz: “eu não me contento apenas em jugular o que está abaixo, eu disputo, eu rivalizo com aquilo que está acima de mim, eu estou no píncaro do orbe, acima do que não há ninguém.”
Essa torre é muito alta e se divide em motivos ornamentais. Tem um telhado cônico, muito pontudo também, que dá a sensação de um píncaro do universo.
Ela tem ameias e janelinhas. É uma torre própria para ser habitada.
Dentro pode haver um quarto de pedra com uma grande lareira, onde se queima madeira no inverno, com um vitral.
Lá a gente sente os ventos uivando no inverno ou experimenta a placidez da primavera ou do verão.
O edifício principal é constituído de três andares.
O castelo propriamente dito é o traço de união de duas fileiras que terminam por torres também. Essas torres não são iguais. Uma é a primogênita da outra.
O pátio do castelo recolhe toda a atmosfera de grandeza como numa taça.
O pátio parece um grande terraço de onde se domina a natureza.
O corpo central de Neuschwanstein é um edifício de pedra ou tijolo avermelhado, com um portal magnífico que dá para um terraço, onde há uma última torre.
O conjunto das torres passa a idéia de hierarquia. Elas formam uma verdadeira sinfonia.
É a grandeza que se desdobra em graus até tocar os homens menores, se abrir para eles, afagar quem quer entrar com boa intenção.
Mas é uma ameaça para quem quer entrar com má intenção.
Porque este castelo tem qualquer coisa de fortaleza.
Quem entra de acordo com a vontade do dono com reta intenção, não há maravilhas que não possa encontrar aí dentro. Mas há uma ameaça para o criminoso inimigo.
A gente sente a existência, concreta ou possível, de sinistras masmorras embaixo, para castigar o crime.
É um castelo altamente simbólico.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 2/7/1970. Sem revisão do autor.)
Vídeo: Castelo de Neuschwanstein: o senso do combate e da dignidade afidalgada
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