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Fachada sobre o rio Sena. À esquerda a Torre do Relógio |
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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A Conciergerie (literalmente = portaria) é parte do antigo palácio de São Luis em Paris.
Sua fachada é quase toda ela medieval.
O atual Palais de Justice junto com a Sainte Chapelle faziam parte do mesmo conjunto.
O Palácio da Cidade como é seu nome, foi a residência dos Condes de Paris, senhores da cidade e depois reis da França. Este palácio foi habitado pelo rei Eudes I de França.
A família real francesa recebeu o nome de Capeto em alusão a uma relíquia da Capa de São Martinho de Tours que ganhou do santuário de Tours.
Hugo Capeto estabeleceu no palácio a “Curia Regis” (o Conselho Real) e diversos serviços de sua administração.
O rei São Luís IX de França fez construir a Santa Capela entre 1242 et 1248 para albergar a Coroa de Espinhos.
O Palácio era circundado por muralhas, e ao norte, o Palácio de São Luís alcançava o Rio Sena através de uma edificação chamada “Sala sobre a Água” e flanqueada pela Torre Bombec (ou Bon-bec = Bom bico) onde os suspeitos eram interrogados.
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Desta prisão Maria Antonieta foi levada ao patíbulo |
No pátio, havia a magnífica escadaria conhecida como “Grand Degré” que São Luís fez construir para subir de seus apartamentos até a Capela Alta da Santa Capela.
O Palácio de São Luís foi residência dos Reis de França até 1358 quando mudaram para o palácio do Louvre.
Após a mudança o Palácio foi sede do Judiciário. Nele funcionava o Parlamento e também uma prisão.
Durante a sinistra Revolução Francesa, a prisão da Conciergerie foi a antessala da morte. Poucos dela saíam livres na ditadura da "Liberdade-Igualdade-Fraternidade".
A Rainha Maria Antonieta foi aprisionada na Conciergerie em 1793, saindo daí para morrer na guilhotina.
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Para se ter uma idéia do que era a Cristandade na Idade Média, é preciso imaginar uma noite em Paris sem iluminação pública.
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Fachada medieval sobre o rio Sena |
No escuro da noite, a cidade inteira dorme.
Nos conventos e numa ou noutra casa particular onde há pessoas especialmente piedosas, alguém reza.
Os transeuntes são raríssimos. Mas às vezes são forçados a ir de uma casa para outra para falar com um doente, com alguém que está morrendo.
Um tabelião que vai fazer um testamento, por exemplo.
Para protegerem esses raros transeuntes, patrulhas andam a cavalo para todos os lados e cantam canções para fazerem entender longe é só levantar um brado que eles acorrerão na direção daquele brado.
Estes são ruídos que apenas cortam de vez em quando a noite.
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A Sainte-Chapelle (à esquerda) e o Palais de Justice (direita) fazem parte do conjunto |
A cidade dorme.
Na Sainte Chapelle, em Notre Dame, o Santíssimo está no sacrário.
No palácio de São Luís, dorme um Rei que é um santo, e que ordena com santidade todas as coisas do seu reino.
E assim, a história da França flui gloriosamente, tranqüilamente, como flui o Sena ao pés do palácio.
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