quarta-feira, 1 de maio de 2024

RONNEBURG: austeridade, luta e grandeza

Castelo de Ronneburg: visão de conjunto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





No castelo Ronneburg não longe da fronteira com a Áustria, pude dar-me conta do que é um autêntico castelo medieval.

Diferentemente dos castelos renascentistas — Fontainebleau, Chenonceaux, mesmo Versailles e tantos outros — que à primeira vista nos encantam pela beleza, arte e bom gosto, o impacto produzido na sensibilidade por Ronneburg é de austeridade, luta, grandeza trágica e sublimidade.

Já a acolhida foi impactante. O fato de não haver turistas foi uma circunstância altamente favorável para podermos sentir mais autenticamente a alma do castelo.

Sim, Ronneburg tem alma, porque a alma da Idade Média ainda se faz presente ali.

Castelo de Ronneburg: visão interna do caminho de ronda
Castelo de Ronneburg: visão interna do caminho de ronda
Em Ronneburg percebem-se as características potentes do apogeu medieval (séc. XIII) como que latejando de vitalidade.

Os aspectos estuantes de energia, fortaleza e vida que se vislumbram nesse castelo, a seu modo um símbolo da Cristandade de outrora, produzem um frêmito de alegria e entusiasmo.

Ronneburg é uma portentosa amostra da luta contra os fatores adversos, que a civilização cristã teve que vencer e superar para realizar-se.

O castelo ainda evoca os combates contra as incursões inimigas, pobreza dos meios, dificuldade das construções e da sobrevivência numa natureza árdua; também a sublimidade das almas penetradas por uma fé que move as montanhas, com a inocência de uma criança e a determinação de um guerreiro.

As muralhas do castelo com suas seteiras dão testemunho da vigilância e da prontidão de espírito que era preciso ter para viver naquela época, a um tempo terrível e sublime.

Castelo de Ronneburg: cozinhas
Castelo de Ronneburg: cozinhas
A construção do castelo deu-se antes do ano 1231, numa colina escarpada, durante o reinado de Gerlach II, da dinastia dos Staufen.

É dessa época a “grande adega de vinhos”. A base da portentosa torre de pedra, com o calabouço, data da metade do século XIII.

Os habitantes das regiões circunvizinhas — Budingen, Selbold e Eckartshausen — tinham a seu cargo, cada uma, manter partes do castelo, mas possuíam também o direito de nele se refugiar, em caso de perigo.

Ao longo dos séculos Ronneburg passou por todo tipo de vicissitudes e transformações: foi sede de governo comunal, sofreu incêndios, teve partes demolidas e outras construídas, serviu como praça forte, como refúgio dos camponeses das redondezas durante ataques inimigos, e até como prisão de bandidos, guardando entretanto as marcas indeléveis de sua origem.

Um dos problemas que os construtores tiveram de enfrentar era o de abastecer de água o castelo. Para isso foi perfurado um poço, que até hoje lá se encontra, com cerca de 100 metros de profundidade, três vezes maior que a altura da torre.

Castelo de Ronneburg: sala de armas
Castelo de Ronneburg: sala de armas
O nível da água encontra-se a 12 metros no fundo do poço. Fizemos a experiência: da borda do poço, jogamos uma pedrinha e demorou um bom tempo para ouvirmos seu choque com a água. Lá está todo o aparelhamento de cordas, sarilho e balde adequados para retirar a água.

As dependências reservadas à família do castelão são naturalmente mais cuidadas, e já indicam sintomas da civilização requintada que então nascia. Mas a cozinha originária, com sua rusticidade e seu enorme pitoresco, ainda permanece.

As janelas gradeadas põem em evidência a preocupação com a defesa do castelo, tão necessária naqueles tempos de perigos e de lutas, de fé e de heroísmo.

A beleza que sobressai em Ronneburg não é a da arte, mas sim a das almas fortes e piedosas que produziram o apogeu da Idade Média, época que mereceu do Papa Leão XIII o magnífico elogio:

“Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados, [...] a influência da sabedoria cristã e sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas a categorias e todas as relações da sociedade”.

(Autor: Gregorio Vivanco Lopes, em “Catolicismo”)



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quarta-feira, 3 de abril de 2024

Castelo: residência do nobre, orgulho da comunidade feudal

Hoje se tenta reviver a vida do castelo em eventos medievalizantes
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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O castelo é a residência por excelência do nobre.

A classe nobre bem entendida tem algo de intermediário.

Por um lado, ela participa da glória e do poder real, se bem que em proporções muito diversas, inferiores e subordinadas ao poder régio.

Por outro lado, ela participa e, a bem dizer, está imersa na vida do povo.

O castelo vivia encravado na vida agrícola
O castelo nos primeiros tempos agitados da Idade Média foi a fortaleza e o refúgio de toda uma região durante guerras e invasões.

Em certo sentido, era a casa de todos. Todos tinham colaborado para construí-lo. Era o orgulho da região.

No castelo, por certo, morava o nobre e sua família além dos servidores feudais, mais ou menos numerosos segundo a importância da família nobre e o tamanho do castelo.

Mas, ele era o centro da vida feudal.

Ficaríamos espantados se pudéssemos passar um dia num desses castelos feudais.

Antes de tudo, é preciso afastar a idéia que comunicam as casas de certos ricaços modernos, casas de muros altos que afastam os desconhecidos, seguranças, controles eletrônicos e a impressão de que inexoráveis barreiras bloqueiam o acesso ao proprietário.

No castelo todos circulavam e entravam até nas salas mais reservadas do castelão.

Brissac: leito de um nobre casal
Este tinha intenso trabalho: lá iam os camponeses que queriam saber o que era melhor plantar, disputava-se sobre a futura ponte, estrada ou melhora a fazer na presença do nobre para ouvir seu parecer final.

E isto acontecia no pátio interno no verão, e junto à enorme lareira do grande salão no inverno.

O nobre administrava justiça ‒ tarefa árdua e absorvente que depois delegou para a classe dos juízes.

Lá iam diante dele os camponeses em querela, os burgueses que disputavam preços ou direitos, e o dia todo.

Chaumont: o castelo moradia dos nobres
Lá se tinham as reuniões em que se decidiam as questões de interesse para o feudo todo.

O nobre a todos devia ouvir e pedir conselho: era uma exigência dos mais caros deveres de fidelidade feudal.

Lá se decidia o quê fazer em tempos de perigo e calamidade, de guerras e epidemias.

Lá aconteciam as grandes festas que o próprio nobre promovia.

Aliás, as festas da família do nobre eram as festas do povo.

O casamento do filho ou da filha do castelão podia facilmente dar azo a uma semana de músicas, bailes, comemorações, com comida e bebida farta para todos pela conta do nobre.

Nos tempos de paz, o castelão tinha sob sua responsabilidade o bem comum de ordem privada.

O Estado com seus agentes como hoje estamos habituados a ver em cada esquina nem existia.

Hunedoara: hoje se tenta reviver as festas medievais
O nobre devia, em tempos de paz, velar pela conservação e o incremento da agricultura e da pecuária, das quais viviam tanto os senhores feudais quanto os plebeus.

Também estava a cargo dele o bem comum de ordem pública – decorrente da representação do rei na zona – missão mais elevada, de natureza mais universal, e por isso intrinsecamente nobre.

Quer dizer, o policiamento contra bandidos, criminosos, e toda espécie de malfeitores que poderiam ameaçar a paz e a boa ordem do feudo.

Os nobres de categoria mais elevada podiam ser convocados, e o foram em mais de um caso, a serem conselheiros dos reis.

Era a glória e o triunfo do feudo todo. Podiam chegar a ser o equivalente dos atuais ministros de Estado, embaixadores ou generais.

A figura do proprietário-senhor nobre nasceu assim da espontânea realidade dos fatos.

Trakai; reviver a vida de castelo: um sonho que cresce
O nobre era o pai da região.

Quando ele olhava para aquela borbulhante população que acorria a seu castelo ele lembrava das gerações de fiéis que haviam servido a seus antepassados desde tempos remotos.

E os servidores, em virtude do contrato feudal, viam no castelão o filho e continuador de uma linhagem benfeitora e amada que tinha feito a grandeza e a prosperidade do feudo.

Chenonceaux: capela, relicário do castelo
O castelo era um pedaço da alma daquele grupo humano que constituía o feudo.

E o castelão que morava no símbolo e orgulho da região era a expressão mais genuína, natural, espontânea, provada em séculos de lutas, misérias, adversidades, trabalhos, sucessos e alegrias, desse grupo feudal.

No coração do castelo, estava a capela.

Muitas vezes com o Santíssimo Sacramente presente e onde o feudo costumava assistir a Missa.

Era a presença sobrenatural de Jesus Cristo abençoando aquele pedacinho da grande e admirável Cristandade.


Castelo de Brissac: modelo de residência nobre

quarta-feira, 20 de março de 2024

BRISSAC: faustoso marco de fatos heroicos

Brissac faustoso marco de fatos heroicos
Brissac faustoso marco de fatos heroicos
Luis Dufaur
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Na região de Anjou, em pleno Vale do Loire, surge um castelo que pertence à mesma família desde 26 de maio de 1502.

Naquela data o gentil-homem René de Cossé ganhou a senhoria de Brissac pelo favor do rei Francisco I (1515 – 1547), comprou o castelo e acrescentou Brissac a seu nome.

O atual marquês e a marquesa de Brissac moram nele hoje com seus quatro filhos. Mas não é o único castelo familiar da região delimitada pelas vizinhas regiões de Bretanha e Touraine.

No Anjou, além de igrejas, capelas, priorados, abadia, commanderies, uma catedral e um bispado se contam por volta de cinquenta grandes mansões e, sobretudo, um número incontável de castelos familiares de todos os tamanhos e importância.

Brissac é um dos mais brilhantes dessa constelação.

quarta-feira, 6 de março de 2024

CONCIERGERIE: palácio de um rei santo em Paris

Fachada sobre o rio Sena. À esquerda a Torre do Relógio
Fachada sobre o rio Sena. À esquerda a Torre do Relógio
Luis Dufaur
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A Conciergerie (literalmente = portaria) é parte do antigo palácio de São Luis em Paris.

Sua fachada é quase toda ela medieval.

O atual Palais de Justice junto com a Sainte Chapelle faziam parte do mesmo conjunto.

O Palácio da Cidade como é seu nome, foi a residência dos Condes de Paris, senhores da cidade e depois reis da França. Este palácio foi habitado pelo rei Eudes I de França.

A família real francesa recebeu o nome de Capeto em alusão a uma relíquia da Capa de São Martinho de Tours que ganhou do santuário de Tours.

Hugo Capeto estabeleceu no palácio a “Curia Regis” (o Conselho Real) e diversos serviços de sua administração.


O rei São Luís IX de França fez construir a Santa Capela entre 1242 et 1248 para albergar a Coroa de Espinhos.

O Palácio era circundado por muralhas, e ao norte, o Palácio de São Luís alcançava o Rio Sena através de uma edificação chamada “Sala sobre a Água” e flanqueada pela Torre Bombec (ou Bon-bec = Bom bico) onde os suspeitos eram interrogados.

Desta prisão Maria Antonieta foi levada ao patíbulo
No pátio, havia a magnífica escadaria conhecida como “Grand Degré” que São Luís fez construir para subir de seus apartamentos até a Capela Alta da Santa Capela.

O Palácio de São Luís foi residência dos Reis de França até 1358 quando mudaram para o palácio do Louvre.

Após a mudança o Palácio foi sede do Judiciário. Nele funcionava o Parlamento e também uma prisão.

Durante a sinistra Revolução Francesa, a prisão da Conciergerie foi a antessala da morte. Poucos dela saíam livres na ditadura da "Liberdade-Igualdade-Fraternidade".

A Rainha Maria Antonieta foi aprisionada na Conciergerie em 1793, saindo daí para morrer na guilhotina.

                                                                          *     *    *

Para se ter uma idéia do que era a Cristandade na Idade Média, é preciso imaginar uma noite em Paris sem iluminação pública.

Fachada medieval sobre o rio Sena
Fachada medieval sobre o rio Sena
No escuro da noite, a cidade inteira dorme.

Nos conventos e numa ou noutra casa particular onde há pessoas especialmente piedosas, alguém reza.

Os transeuntes são raríssimos. Mas às vezes são forçados a ir de uma casa para outra para falar com um doente, com alguém que está morrendo.

Um tabelião que vai fazer um testamento, por exemplo.

Para protegerem esses raros transeuntes, patrulhas andam a cavalo para todos os lados e cantam canções para fazerem entender longe é só levantar um brado que eles acorrerão na direção daquele brado.

Estes são ruídos que apenas cortam de vez em quando a noite.

A Sainte-Chapelle (à esquerda) e o Palais de Justice (direita) fazem parte do conjunto
A Sainte-Chapelle (à esquerda) e o Palais de Justice (direita) fazem parte do conjunto
A cidade dorme.

Na Sainte Chapelle, em Notre Dame, o Santíssimo está no sacrário.

No palácio de São Luís, dorme um Rei que é um santo, e que ordena com santidade todas as coisas do seu reino.

E assim, a história da França flui gloriosamente, tranqüilamente, como flui o Sena ao pés do palácio.



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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

COMBOURG: austeridade dos nobres nos castelos

Luis Dufaur
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Chateaubriand, grande romancista do século passado, era filho do Visconde de Chateaubriand. A família possuía um castelo da Bretanha perto do mar: Combourg.

É um castelo enorme e a família era pequena, de maneira que não dava para encher todas as alas do castelo. Então o pai, para fazer o castelo habitado em todas as suas partes distribuía a família pelas várias partes do castelo.

E Chateaubriand –menininho de 9, 10 anos, mas já chamado nessa idade Monsieur le Chevalier –, quando chegava 21:00 horas em que o serão familiar se interrompia, recebia um castiçal com uma vela na mão e ia para uma torre perto do mar, onde uivavam todos os ventos.

Combourg fica perto da Mancha cujos ventos são famosos. É um dos trechos do mar mais agitado que há no mundo.

Os ventos todos sopravam por aquela torre, e Monsieur le Chevalier, por mais “Chevalier” que fosse tinha as reações de um menino diante do vento.

Tanto mais que em Combourg havia histórias de fantasmas, aliás de todo castelo se diz que tem fantasmas.

Quando chegava a noite no inverno, ele fechava a cortina em torno da cama. Esse cortinado formava uma verdadeira tendazinha em torno da cama, para que o calor das cobertas e do corpo fique conservado.

Então Monsieur le Chevalier subia alguns degraus para se encarapitar numa cama muito alta e muito grande onde Le Chevalier nadava.

Na torre os ventos uivando, uivando, uivando... E ele naquele cortinado, com pavor que, de repente, um fantasma pálido como a lua abrisse a cortina e olhasse para Monsieur le Chevalier.

Os nobres que eram educados assim, depois quando adultos faziam de tudo, como Chateaubriand. Todos eles eram aventureiros, porque ficaram habituados à aventura desde meninos.

Um velho ditado diz que em menino se torce o pepino. E é o hominho que vai fazer grande o homem.

Quem quiser ter grandes homens tenha grandes hominhos. Nada de educação tola para crianças, com bola boba para criança boba, nada disso.

Reconstituição do quarto de René de Chateaubriand
“Relegado ao lugar inabitado junto à entrada das galerias subterrâneas, não me passava despercebido um só dos murmúrios das trevas. Por vezes o vento parecia correr com passos ligeiros; por vezes exalava gemidos; bruscamente minha porta era sacudida com violência, os subterrâneos rugiam, e depois cessavam para recomeçar mais tarde. Às quatro horas da manhã, a voz do castelão (que era o pai dele) se fazia ouvir chamando o camareiro, sob as abóbadas seculares, ressoando como a voz do último fantasma noturno”.

Então, o último fantasma da noite diante do dia que nascia era o velho Chateaubriand, esquelético, alto, com um olhar que batia como uma pedra e que chamava.

Monsieur le Chevalier entendia que chegou a hora de escapar de lá e de voltar para o convívio dos vivos. Ele tinha passado uma noite inteira com os fantasmas.

A vida dos nobres medievais ‒ Chateaubriand não é da Idade Média, mas há muitas analogias ‒ era muito dura.

Por isso, a maioria da população gostava ficar no aconchego das classes populares, gordas, bem alimentadas, bem aquecidas, preocupadas apenas com o trabalho, a produção, o comércio, a família e a festa.

O nobre era o protetor e o garante da felicidade geral.

Mas, ele próprio no seu castelo, vivia uma vida austera que formava heróis para o dia em que o perigo se abatia sobre a região toda e ele tinha que sair o primeiro a expor a vida para salvar a todos.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 16.2.73. Sem revisão do autor)


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