terça-feira, 22 de julho de 2014

Almansa: um castelo de sonhos e heroísmo cristão

Almansa: um castelo de sonhos e heroísmo cristão
Almansa: um castelo de sonhos e heroísmo cristão
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Como que se faz análise de uma fotografia?

Olhando e tendo a primeira impressão; depois, procurando ver qual a sensação que ela causa e, em seguida, analisando o fundamento dessa sensação.

Na foto desse castelo da Espanha, o Almansa, é preciso fazer uma distinção entre dois campos visuais admiravelmente harmônicos, mas perfeitamente distintos.

Um é o castelo propriamente dito — com a montanha que lhe serve de base — e o outro é o conjunto de nuvens extraordinárias que servem de moldura para a fortaleza.

O castelo e as nuvens fazem centralizar toda a vista na torre. Esta incute a impressão de altaneria, dignidade e majestade extraordinárias.

Tem-se a ideia de que essa torre enfrenta, do alto desse monte, um inimigo que surge ao longe.

A torre incute a impressão de altaneria, dignidade e majestade
A torre incute a impressão de altaneria, dignidade e majestade
Mas que ela o enfrenta com galhardia, olhando como quem ameaça dizendo: “Aproxima-te que eu te esmago, não temo!”

Não é fanfarronada. Porque se percebem outras muralhas da fortaleza, que mostram o quanto ela é profunda, que possui tropas e outros elementos para resistir.

Esse fidalgo atrevimento da torre tem a sua razão de ser: revela que o castelo é poderoso e não teme nada.

No alto, as nuvens se acumulam densas e majestosas. Dir-se-ia que elas simbolizam o tremendo da batalha que pode dar-se.

Seriam como que uma voz da História dizendo ao senhor feudal do castelo: “As ameaças da vida pairam sobre ti, chegou a tua hora de lutar. Sê herói ou serás esmagado!”

Nesta cena, o artista soube fotografar o castelo numa hora em que a luz deu-lhe a aparência de âmbar ou de porcelana. É um castelo de sonhos, um castelo irreal.

Qual a missão desse castelo? Lembrar à alma comodista do homem contemporâneo alguma coisa que o deve envergonhar. É que ele perdeu o senso do sacrifício, perdeu o gosto da luta e não sabe mais o que é ser herói.

Para as populações acovardadas de hoje em dia o castelo é uma lição de moral, que fica proclamando a grandeza de alma dos espanhóis da Reconquista, que por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Nossa Senhora e à Santa Igreja Católica, foram povoando a Espanha de castelos à medida que iam reconquistando o país; para que os muçulmanos não pensassem jamais em voltar. Se voltassem, encontrariam essa rede de castelos para fazer-lhes oposição.

É o heroísmo cristão! Heroísmo que nasceu no mundo quando Nosso Senhor Jesus Cristo expirou na Cruz, redimindo o gênero humano e a Santa Igreja católica pôde começar a difundir-se entre os povos.

Almansa fala do senso do sacrifício, da luta e do heroismo.
Almansa fala do senso do sacrifício, da luta e do heroismo.

(Autor: excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5-5-1984. Sem revisão do autor.)

Situado na cidade de Almansa, na província de Albacete (Espanha), o castelo de Almansa é o mais preservado da região de Castilla La Mancha.

Cravado no Cerro del Aguila, suas origens remontam ao século XIII, mas a aparência atual é do século XV, quando passou a ser propriedade de Dom Juan Pacheco, Marquês de Villena.

Em 1921 a fortaleza foi declarada Monumento Histórico-Artístico Nacional.






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terça-feira, 8 de julho de 2014

Em volta do castelo da Idade Média, nobres protetores e plebeus obedientes formaram uma família social

Castelo de Auzers, Cantal, França.
Castelo de Auzers, Cantal, França.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Com o correr do tempo a família do “sire” que reina sobre o primeiro esboço do futuro castelinho chamado de “motte” se multiplica em novos ramos.

Estes continuam unidos ao tronco pelo espírito de solidariedade que os anima, pelo desejo de ver crescer a sua “pátria”.

Pois “pátria” significa a “terra onde estão enterrados os pais” (do latim pater=pai).

Os artesãos e lavradores também permanecem, de geração em geração, ligados à estirpe do seu senhor.

Todos continuam a reconhecer a chefia do filho mais velho do senhor, i. é, o primogênito.

Todos vêem nele o pai comum, sucessor daquele que foi “pai” e protetor de seus pais. Dão-lhe o nome de barão, título que na origem é bastante largo.

Castelo de Pesteil, Cantal, França.
Esta família maior, oriunda da família básica e conservando os caracteres desta, é a “mesnada”.

Algumas “mesnadas” se destacam por sua prosperidade, seu vigor, sua capacidade de resistir a ataques inimigos.

Atraídos por sua fama, muitos que não se sentem em segurança em sua própria terra ingressam em seu seio, com suas famílias, encontrando ali a proteção de que necessitam e contribuindo para o seu fortalecimento e crescimento.

Com a “mesnada”, a “motte” evolui para o castelo ainda rudimentar.

Duas linhas de defesa o protegem: a primeira formada por um fosso e por uma paliçada de madeira assente sobre uma escarpa de terra, tendo na entrada um pequeno fortim avançado, a barbaça.

A segunda — separada da primeira por um fosso chamado liça, no qual havia às vezes hortas e jardins — é uma robusta muralha de pedra, entremeada de torres e circundada por um caminho de ronda, por sua vez protegido por um parapeito com ameias.

Castelo de Almansa, Albacete, Espanha
Atravessa-se essa muralha por uma porta ladeada por duas torres, dotada de ponte levadiça e de uma grade de ferro que se move no sentido vertical.

Dentro do castelo há duas áreas.

Na primeira estão as habitações dos artesãos e os abrigos dos camponeses — que já não moram dentro, mas ao redor das fortificações — onde se refugiam em caso de ataque, com suas famílias, seus bens e seus animais.

Na segunda ficam as acomodações dos companheiros e parentes mais remotos, a pequena capela (em geral sede da paróquia, centro da vida espiritual e alma dessa comunidade) e a torre de menagem, residência do barão e de sua família mais próxima, que continua sendo o centro da resistência, o último reduto da defesa.

Sobre ela, dominando tudo, a torre de vigia. Enquanto o casario é de madeira, dando ainda a impressão de acampamento, a muralha, as torres e o imponente “donjon” já são de pedra, robustos e duradouros.

(Fonte: “Catolicismo”, nº 57, setembro de 1955)


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