terça-feira, 14 de outubro de 2014

Origem dos castelos na Idade Média: as invasões bárbaras deixaram as cidades em ruínas

Castelo de Jonzac, Poitou-Charentes, França.
Castelo de Jonzac, Poitou-Charentes, França.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A França do século IX era um país em plena formação.

Seus habitantes descendiam das tribos bárbaras convertidas no século IV por São Remígio, e que com o suceder das gerações tinham ido se civilizando sob a influência benéfica da Igreja.

O gênio poderoso de Carlos Magno havia unificado o país e lhe dera uma organização definida que, apoiando-se sobre os valores locais, ia formando uma sociedade orgânica, com um crescimento espontâneo, forte, vital.

Sobre esta civilização incipiente abate-se um cataclismo.

São invasões maciças de sarracenos pelo sul, de húngaros ferocíssimos pelo leste, e, piores que todos, de normandos vindos do norte em navios, com os quais não só pilhavam as costas como entravam pelos rios adentro.

Estas hordas saqueiam cidades e vilas, queimam as igrejas, devastam os campos, levam atrás de si multidões de cativos.

Por toda parte vêem-se cidades arrasadas, e nas ruínas só habitam animais selvagens.

Os soldados, incapazes de resistir, aliam-se aos invasores e pilham com eles.

Castelo de Fenis, Val d'Aosta, Itália.
Castelo de Fenis, Val d'Aosta, Itália.
A autoridade soberana perece, as lutas privadas entre indivíduos, famílias e grupos são infinitas.

Então, os mais fortes se entregam a violências; não há mais comércio, indústria, agricultura; todos os costumes, leis e instituições desmoronam; não há mais laços que unam os habitantes do país.

O Estado desaparece nessa imensa catástrofe.

Fugindo ao terror e à desordem, os homens buscam abrigo no fundo das florestas, no alto das montanhas, no meio dos pantanais — em lugares inacessíveis, onde a cupidez e a crueldade dos invasores não os atinja.

Cidades, vilas e aldeias se dispersam, e cada qual foge para onde pode.

Cada qual, ou melhor, cada família. Pois a família é, neste caos, a única célula social que permanece intacta.

Castelo de Karlstejn. República Checa.
Castelo de Karlstejn. República Checa.
Tendo seu fundamento não nas leis, mas na ordem natural e no coração humano, enrijecida pela força sobrenatural da graça que a Igreja lhe comunica, ela é o único baluarte que resiste ao ímpeto da barbárie.

Dela partirá o trabalho de reconstrução social.

No seu refúgio a família resiste, se fortalece, torna-se mais coesa.

Animada pelo espírito católico que a vivifica, ela não se deixa esmagar pela adversidade, mas reage.

Obrigada a bastar-se a si mesma, cria os meios para se sustentar e se defender.


(Fonte: “Catolicismo”, nº 57, setembro de 1955)


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