Pfalzgrafenstein |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Alguns dos castelos do Reno que depois viram nascerem estirpes feudais foram outrora ninhos de piratas.
Em geral os rios antes de aparecerem a grandes rodovias eram usados como as rodovias hoje.
O Reno servia para exportar mercadoria da Suíça, onde nascia, e da Alemanha até o Mar do Norte. Era só ir rio abaixo.
Isso tornava o rio uma rodovia aquática muito cômoda.
Esses piratas ficavam com castelos bem à beira do rio, ou em ilhas dentro do Reno.
Quando eles viam se aproximar flotilhas de naviozinhos cheios de mercadoria, eles iam com homens de armas, pegavam as mercadorias todas, roubavam e matavam e ficavam ricos.
Pfalzgrafenstein conserva o perfil de um navio de interceptação |
Ao longo do tempo, nasceu naquelas fortalezas uma “vie de château” (“vida de castelo”) cristã.
Os piratas foram mobiliando e adornando seus castelos, tomaram ares nobres, se civilizaram.
Depois conseguiram comprar de verdadeiros nobres terras que conferiam um título de nobreza.
Afinal, o neto ou bisneto do bandido acabou virando um pequeno barão civilizado que já não roubava mais os navios.
Um exemplo: o castelo de Pfalzgrafenstein (em alemão: Burg Pfalzgrafenstein) sobre o recife da ilha Falkenau no Reno.
Ele ficou conhecido simplesmente como “o Pfalz” e é um dos mais famosos e pitorescos.
A planta da torre central é pentagonal e aponta contra a correnteza.
Foi erigido entre 1326 e 1327 pelo rei Luis da Baviera.
Castelo de Gutenfels no alto, e cidade de Kaub embaixo |
E entre 1607 e 1755 ganhou as torrezinhas nos ângulos enquanto a torre principal foi coroada com uma típica ponta barroca, testemunhando a amenização dos costumes.
O castelo devia colher impostos para o rei.
Impostos não por todos julgados justos ou procedentes. Mas, ai de quem não pagasse.
Uma corrente de ferro atravessava o rio e obrigava barcos e barcaças a pararem.
Mais alto estava o castelo de Gutenfels e ao lado a cidade de Kaub de onde viriam homens para arrazoar o renitente pagador do imposto.
Os comerciantes que não abrissem o bolso podiam ir parar numa prisão em Pfalz.
E ali ficavam até o resgate ser coberto.
Por sinal, essa prisão consistia numa gaiola flutuante no rio.
Pfalzgrafenstein pátio interior revela vida austera |
Seus moradores, não mais de vinte, levavam uma vida autenticamente espartana.
Hoje, ele fica como um sorriso que testemunha o triunfo da Civilização Cristã sobre a barbárie.
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