Castelo de Chimay hoje |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Talleyrand nos conta nas memórias dele, o que acontecia no castelo da avó dele, a Princesa de Chimay.
Chimay é um grande título da Bélgica.
Ser Princesa de Chimay era quase como que ser Grã-Duquesa de Luxemburgo, quer dizer, uma soberana independente, de um pequeno feudo.
Quando chegava aos domingos, ela primeiro ia à Missa na capela do castelo. As pessoas pobres da zona que quisessem assistir à Missa iam para o castelo e também assistiam.
Depois da Missa, a princesa ia, acompanhada da pequena nobreza local – portanto, nobreza autêntica mas muito inferior à dos príncipes de Chimay –, para a sala onde ela, a bem dizer, reinava como rainha.
O castelo de Chimay numa iluminura |
Os pequenos nobres iam levando as coisas necessárias para a princesa exercer suas atividades curativas.
Um levava panos para passar ungüentos, outros levava uma maleta com remédios, outro levava uma caixa com tesouras e outras coisas que facilitavam alguma pequena intervenção como que cirúrgica.
E a princesa sentada no trono e olhando com bondade para aquele povo que estava lá.
O povo olhava como estava vestida a princesa, como é que ela fazia, como estavam vestidos os parentes dela.
Eles sabiam que a moda mudou vendo os fidalgos pequenos e grandes mudarem de vestidos e de roupas. Viam como se conversava elegantemente, acompanhavam os gestos e a gesticulação da conversa, etc.
Depois começava o desfile das misérias.
Os doentes e os pobres iam passando, ela ia perguntando por que é que não veio tal parente do pobre, se ele melhorou, se não melhorou, mandava lembranças, mandava um pequeno presente, ou então mandava um conselho para fazer tal ou tal coisa para melhorar, etc.
A atual princesa de Chimay recebe simpaticamente os visitantes no castelo |
Às vezes eram petiscos, pães saborosos, leite, ovos, galinhas, porquinhos, frutas, legumes.
E a Princesa de Chimay aproveitava a ocasião para dar esses presentes aos que estavam mais necessitados ou mais fracos.
Isso levava tempo. Quando terminava, os nobres iam todos para a sala de jantar da nobreza.
E na copa e cozinha, e ainda em outras dependências, era a grande festa dos pobres que quisessem ficar para tomar sua refeição pela generosidade da princesa.
Depois isto tudo se dissolvia e o castelo voltava ao seu silêncio majestoso, na paz e no contentamento de alma de todos.
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