quarta-feira, 24 de julho de 2024

TORRE de BELÉM: símbolo da vocação de Portugal

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A Torre de Belém em Lisboa se ergue sozinha.

Ela não faz parte de nenhum corpo de edifício. Está isolada.

Ela é apenas uma torre?

É, mas é quase um palácio em forma de torre, porque ela é espaçosa.

Ela consta de quatro andares.

No quarto andar, resplandecente de luz, está o caminho da ronda.

A torre está cercada de um patamar grande com guaritas nos ângulos, para os vigias ficarem durante a tempestade; para disparar fogo contra quem se aproxima.

A idéia de guerra está altamente presente na torre.

Sempre que um homem, ou uma senhora, apresenta com vaidade sua própria dignidade, só obtém a antipatia.

Mas, sempre que ele está consciente de representar algo mais alto do que ele, aí ele se torna respeitável.

Porque os homens valemos na medida que representamos algo de Deus.

Os homens, uns pelos outros, nós não valemos nada.

Mas na medida das qualidades que Deus pôs em nós, como numa vitrina se pode colocar objetos, nessa medida nós valemos.

Normalmente, sem a graça de Deus não sai nada que preste.

De maneira que a graça de Deus está na raiz de tudo que resplandece a glória de Deus.

A Torre de Belém foi edificada no estuário do rio Tejo, em Lisboa, entre 1515 e 1520, no reinado de D. Manoel I. Ela impressiona pelo seu estilo gótico luso, cognominado manuelino.

Ela é um dos monumentos mais expressivos da alma portuguesa.

Ergue-se na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém.

Inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, progressivamente foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra firme.

O monumento é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo inscrições de cruzes da Ordem de Cristo.

Tais características remetem à arquitetura típica de uma época em que Portugal era uma potência global.

Ela foi eleita como uma das Sete maravilhas de Portugal em 7 de julho de 2007.

Originalmente sob a invocação de São Vicente de Zaragoza, padroeiro da cidade de Lisboa, recebeu no século XVI o nome de Baluarte de São Vicente além de Belém e Baluarte do Restelo.

A Torre integrava o plano defensivo da barra do rio Tejo projetado à época de João II de Portugal (1481-95), integrado na margem direita do rio pelo Baluarte de Cascais e, na esquerda, pelo Baluarte da Caparica.

Então, a atitude de verdadeira superioridade fala de oração. E a Torre de Belém fala de algo superior a ela.

Ela tem algo de orante, e orando de uma oração tão alta, que a gente pára diante dela e exclama: “Oh! Torre de Belém!”

A torre se ergue sozinha. Ela tem sobre ela apenas a abóbada celeste e mais nada.

Ela olha com superioridade natural tudo quanto está ao pé dela.

Ela é um reflexo da missão de Portugal.

Portugal, o que era naquele tempo?

Uma nação pequena, mas não pequena para a Península Ibérica onde a Espanha constava de uma porção de reinos que se uniram num reino maior do que Portugal.

Mas, de si, Portugal era igual ou maior do que muitos dos reinos da Espanha.

E durante toda a Idade Média ele pesou como potência ibérica.

Mas Portugal estava destinado a uma coisa muito mais alta.

Essa torre simboliza uma nação destinada a conquistar, a descobrir, a povoar e a assimilar a seu espírito e à sua civilização povos de uma vastidão enormemente maior do que a sua.

Basta pensar no Brasil, em Angola, Moçambique, a Índia.

Um misterioso vento histórico pousava sobre essa Torre, do alto da qual os reis ou os almirantes iam ver partir as esquadras para cumprir o destino maravilhoso de Portugal.

Compreende-se então o porvir representado por essa Torre.

Ela simboliza um desígnio de Deus, uma missão.

Há qualquer coisa nela de forte e de recolhido.

Ao pé dela se poderia escrever: estátua de um guerreiro em prece. Sério, forte, impassível, mas num auge de personalidade e vigor de alma.

Essa torre dá a impressão de uma pessoa de busto ereto, muito certa de representar uma grande dignidade, maior do que ela mesma.

Comparem isso com o arranha-céu moderno...

Suponham que alguém dissesse: “não, essa Torre está tomando espaço, nós podemos jogar essa pedraria velha toda no rio e construir o prédio maior do mundo com 200 andares”. Eu nunca mais quereria ver esse lugar.

E se alguém mergulhasse ao fundo do Tejo e trouxesse para fora um das pedras da Torre de Belém derrubada, eu diria: “me dê uma lasquinha para eu guardar comigo e levar comigo na sepultura”.



Plinio Corrêa de Oliveira, 22/2/86. Texto sem revisão do autor.


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quarta-feira, 10 de julho de 2024

O morador do castelo: herói forte que dá a vida pelos súbditos

Castelo de Yvoire, Suíça
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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O senhor feudal era homem forte, vigoroso, destro nas artes da guerra.

Desde muito jovem, com doze, treze anos, já era mandado por seus pais para servir de pajem na corte de outro senhor feudal.

Talvez por reputarem que, sob a férula de um outro senhor, mais elevado, ele seria educado de um modo mais varonil, do que com os carinhos do pai ou da mãe.

Então, ele era mandado cedinho para o castelo de um senhor feudal mais alto, para ali começar a se adestrar na guerra.

Castelo de Brihuega, Espanha
Carregavam a espada do senhor, limpando-a, calçando as esporas, limpando a armadura, capacete ou elmo; recebendo pitos e castigos!

E pito e castigo, na Idade Média, era pito e castigo truculento!

Aprendia também a acompanhar o senhor feudal na operação militar.

Às vezes não podia combater porque era muito jovem.

Mas podia participar passando para o senhor mais uma flecha para ele disparar, uma segunda espada, quando a primeira quebrava-se, etc.

Castelo de Der Haar, Bélgica
Esses senhores feudais quando chegavam digamos 25 anos, por exemplo, já eram homens truculentos e fortes, como carvalhos na floresta.

Eram admirados por todos porque a coragem é uma qualidade que inspira respeito.

Admirados por todos porque a autoridade de que eles estavam revestidos.

Eles eram os governadores das propriedades rurais das quais eram donos ‒ porque a autoridade é também inspiradora de respeito.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 2/6/84. Sem revisão do autor)


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