Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Viajando pela Europa, conheci inúmeros castelos.
Um deles, muito belo e senhorial, é o Sforzesco, localizado atualmente dentro da própria cidade de Milão, na Itália.
Não tive tempo de ler nada sobre ele, apenas entrei, admirei e saí. Infelizmente, todos os móveis haviam sido retirados do edifício.
Pertence à nobre família Sforza, que reinou na região da Lombardia. Sforzesco quer dizer propriedade dos Sforza.
É um castelo com grandes torres, edificado com pedras lavradas de modo muito bonito.
As pedras ficam em seus quatros lados, não pontudas propriamente; mas vão se elevando até formar uma crista redonda no centro.
E o tempo tornou a pedra meio dourada.
Pátio interno |
Dentro dele perdia-se completamente a noção da cidade.
Tinha-se a impressão de estar no campo.
O pátio estava ligeiramente ajardinado, com um agradável négligé poético e encantador, que os italianos sabem pôr nas coisas.
Quando se falava numa extremidade do pátio, ouvia-se o eco na outra.
Tinha-se a impressão de ecos do passado, que ainda repercutiam em nossos dias.
O castelo possuía em alguns lugares pontes levadiças, e em torno dele havia um fosso.
Quando o inimigo se aproximava, levantavam-se as pontes.
Com o tempo, desaparecendo as guerras urbanas, as pontes levadiças ficaram permanentemente abaixadas.
Torre central |
Foi um erro, pois não deveriam ter permitido que isso acontecesse.
Em vista desse desleixo, em alguns lugares via-se um buraco no local que tinha servido para alojar as traves e as correntes.
Turistas passavam olhando através desses espaços vazios sem entender nada.
De repente, um deles viu através de um desses buracos um automóvel velho.
Voltou-se para a esposa e disse: “Olha a marca daquele automóvel ...”
Sintoma frisante de vulgaridade!
Diante de uma coisa maravilhosa como as muralhas daquele castelo, o turista prestou atenção na marca de um carro...
A beleza grandiosa de um edifício multissecular não era captada pelo homo hodiernus, fascinado pela mecânica.
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