O mais surpreendente de Chambord está na floresta de torres do telhado. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O aspecto mais maravilhoso de Chambord está no telhado.
Ele é coroado por uma floresta de torres e chaminés que sobem para cima como que num concurso.
Elas dão a impressão de um prédio que começa a voar e que várias partes de seu teto começam a subir para o céu, levadas por uma força oposta à força da gravidade.
Ai está um bonito contraste do castelo. Tudo na parte inferior fala da solidez na terra. A floresta de torres e chaminés fala de leveza que vai para o céu.
É um contraste harmonioso cheio de beleza.
Mas a vitoria do castelo está na torre central que domina todo o resto do castelo. Ela é o elemento monárquico.
Da torre central pende toda a nobreza e dignidade do castelo |
Tem algo de delicado, que quase se confunde com o céu e está bem no centro de todas as simetrias, das leves como das pesadas.
Em função dela e em torno dela o castelo se ordena.
A parte inferior de Chambord, sólida e atarracada, participa do reino do comum e do trivial. A parte superior é uma feeria.
Em ultima análise, Chambord representa o Céu dominando a Terra, a Fé dominando a vida terrena, o espírito dominando a matéria e tudo se resolvendo numa ordem única, que aponta para o Céu.
É propriamente o maravilhoso expresso no castelo de Chambord.
Chambord foi um castelo real. Mas, quando a vida política francesa se centralizou em Paris, os reis vieram cada vez menos a esse castelo e ele praticamente ficou sem historia.
De vez em quando morava alguma pessoa, a quem o rei cedia o castelo durante algum tempo: um general vitorioso, algum príncipe da casa real meio aposentado. Mas passou a ser um castelo sem historia.
Ele transpôs a Revolução Francesa e durante o reinado de Carlos X, foi comprado por uma empresa de demolidores que vendia material de construção. Esses demolidores chamavam-se “La bande noire”, a banda negra.
Chambord representa o Céu dominando a Terra, a Fé dominando a vida terrena, o espírito dominando a matéria |
E o ofertaram ao herdeiro do trono, que era uma criança que usava o titulo de Duque de Bordeaux, e que passou, a partir desse tempo, a chamar-se Conde de Chambord.
Quer dizer, o concurso de dinheiro de um povo inteiro, no século XIX, salvou Chambord.
Houve assim uma espécie de plebiscito de amor do povo francês a favor desse castelo, depois de decorrida a Revolução Francesa.
Essa vitória foi consequência do amor do maravilhoso, sentido não só pelos literatos, artistas ou pessoas de alta educação, mas sentido pela massa inteira de um povo.
O triunfo do senso do maravilhoso sobre a sovinice fez a gloria dos franceses daquele tempo.
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