Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
quarta-feira, 30 de novembro de 2022
Faça uma imersão de 360º num castelo medieval
quarta-feira, 16 de novembro de 2022
Existe um super-castelo onde vemos melhor a Deus?
Castelo de Vitré, Bretanha, França |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Olhando por exemplo para um castelo, as impressões nos encaminham para algo que é ainda mais do que o castelo que estamos vendo.
Subconscientemente pensamos em um super-castelo que não existe, mas que, em rigor, poderia existir. E então gostamos de pensar nesse super-castelo ideal.
Como ele seria?
Para exemplo, usamos fotos do catelo de Vitré, na Bretanha, França.
O primeiro castelo em pedra foi construído pelo Barão Robert I de Vitré no final do século XI substituindo um castelo em madeira de cerca do ano 1000. No século XIII, o Barão André III deu-lhe a sua forma atual.
Nos séculos XV e XVI prevaleceu a procura do conforto e reformas em estilo renascentista. O Parlamento da Bretanha refugiou-se no edifício em três ocasiões (1564, 1582 e 1583) por ocasião de epidemias de peste.
Entre 1547 e 1605, Vitré tornou-se bastião huguenote. Em 1605, o castelo passou para a família católica de La Trémoille. Ficou abandonado no século XVII.
Após a barbárie da Revolução Francesa, a residência senhorial virou prisão e, depois, quartel. Em 1875 iniciou-se a restauração. Atualmente, a câmara municipal de Vitré funciona no recinto e a praça do castelo tornou-se republicano estacionamento.
Esse super-castelo, esse trans-castelo, só existe na nossa mente. Só na nossa mente? Não! Existe na mente de muitos outros, mas de um modo até muito diferente.
Castelo de Vitré, Bretanha, França |
E essa trans-esfera pode ser objeto de uma análise do ponto de vista filosófico e teológico.
O que é esta trans-esfera dos castelos ideais que não existem materialmente? Não é uma esfera nova da realidade, mas algo que o espírito humano concebe como um produto do espírito. Ela existe na inteligência do homem.
Seria, segundo a terminologia da filosofia escolástica, um ens rationis, isto é, um ser ou ente que é concebível, porém não realizável fora do espírito (cfr. Regis Jolivet, Vocabulaire de la Philosophie, Emmanuel Vitte Éditeur, LyonParis, 1946, 2a ed., verbete être).
É uma imagem que o espírito humano cria para si, de uma ordem hipotética, não existente.
A partir de aspectos fugazes, de lampejos das coisas, nós construimos um modo habitual de ver todos os seres.
O homem sabe que essa trans-esfera, como ele a vê, de fato não existe.
Mas sabe que, quando os homens todos caminham muito rumo a Deus, todas as coisas da realidade são susceptíveis de serem sublimadas e constituírem uma visão transcendente. E assim formamos uma super-realidade, i. é, uma trans-esfera.
Neste sentido, a trans-esfera está composta de coisas possíveis existentes apenas na mente divina, que nos compete desenvolver e explicitar. Nos seres ideais dessa super-realidade nós vemos muito mais marcantemente os reflexos de Deus.
Castelo de Vitré, Bretanha, França |
Desta maneira, de algum modo, esses castelos possíveis vivem em nós. E ele nos fornecem modelos ideais para o qual devemos tender e que inspiram os construtores de castelos materiais.
Quando esses possíveis reluzem em nós, nos dão a idéia do palácio interior que cada um deve construir dentro de si próprio.
A graça divina nos convida a realizar isso. Há algo da vida do próprio Deus, que é a graça que nos solicita a ver todas as coisas assim. A ver no castelo, para acima dele, o super-castelo.
Portanto, a trans-esfera onde existem esses trans-castelos irreais nos projeta na ordem sobrenatural. E ali nos nós tornamos de algum modo cidadãos do palácio ou da cidade que ainda não construímos.
Essa cidade ideal que ainda não construímos, de algum modo já vive e existe em nós.
Fonte: “A inocência primeva e a contemplação sacral do universo no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira”, Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, São Paulo, 2008.
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