quarta-feira, 20 de setembro de 2023

CONSUEGRA: aparente brinquedinho, tremendo meio de defesa

Consuegra: sede da Ordem de Malta e cenário de batalha histórica
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O castelo de Consuegra, na região de Castela la Mancha (Espanha), foi de início a fortaleza de uma importante cidade romana – Consabura – que possuía termas, muralhas, aqueduto e circo.

No século X, o líder islâmico Almanzor reergueu a fortaleza para garantir o domínio muçulmano nas comarcas vizinhas.

Porém em 1097, o líder Al-Mu'tamid cedeu o castelo ao rei Alfonso VI de Castela em virtude de um acordo.

A pose cristã durou muito pouco. Em agosto do mesmo ano, o rei perdeu o castelo na desastrosa batalha de Consuegra.

O castelo foi recuperado definitivamente no século XII e foi reconstruído pelos Cavaleiros Hospitalários de São João de Jerusalém (Ordem de Malta) em 1183.

A fortaleza se transformou no priorado da Ordem para a região de La Mancha.

A estrutura do castelo é atípica. Está composto por um corpo central quadrado com uma grande torre cilíndrica em cada um de seus lados.

Ele estava rodeado por uma muralha da qual só ficam ruínas.

Quem se avizinhava à fortaleza encontrava um espaço vazio denominado sentinela todo rodeado pelas muralhas. De ali podia aceder ao castelo propriamente dito.

Consuegra, priorado dos Hospitalários, fortaleza convive com a poesia
Em outros termos, se fosse inimigo seria trucidado de todos os lados.

A porta de acesso é emoldurada por duas estruturas cúbicas. Sobre a porta está o escudo do Prior da Ordem Juan José de Áustria e da nobre família Álvarez de Toledo.

O escudo indicava sob qual autoridade o visitante passava a ficar submetido.

Alfonso VI, dito o Bravo, rei de Leão e Castela, havia arrancado Toledo, antiga capital do reino visigótico em 1085. No ano seguinte sitiou Zaragoza, e os reis muçulmanos sentiram logo que iriam ser esmagados.

Apelaram à África. De lá veio o emir Yusuf ibn Tasufin chefe de uma fanática seita religiosa, os almorávidas, que apenas posto um pé na Espanha marchou direto contra o rei de Castela.

Alfonso VI levantou o cerco de Zaragoza e enfrentou a Yusufem em Sagrajas.

A batalha aconteceu em 15 de agosto de 1097 e resultou num desastre para a causa católica.

O rei estava acostumado a lutar contra régulos islâmicos decadentes e pelo menos a metade de seu exército foi massacrada.

Face a ele estavam os fanáticos da seita religiosa dos almorávidas que em sinal de sua crueldade agradeceram a Alá pela vitória sobre uma montículo de cabeças de cristãos mortos.

Consuegra defendia todas as regiões vizinhas
O “Cid Campeador” revidou tomando a praça forte de Valencia (1094) que transformou na capital de seu principado e que entregou ao rei Alfonso VI de quem se julgava vassalo.

“El Cid” ainda derrotou Yusuf em mais duas ocasiões: em Cuart de Poblet (1094) e em Bairén (1097).

Enquanto “El Cid” prosseguia com suas proezas, um novo exército almorávida capitaneado por Mohammed Ben al Hach marchou rumo a Toledo.

Mas, o rei Alfonso VI, que destratara o “Cid” não tinha o valor daquele herói.

Estabeleceu-se no castelo de Consuegra, se julgando seguro, considerando a esplêndida posição militar.

“El Cid” até enviou seu próprio filho Diego Rodríguez com tropas bem armadas.

A ofensiva do rei prejudicada também pela inimizade de certos nobres para com o “Cid” seu filho e seus homens, acabou em debandada.

Alfonso VI se refugiou na cidade, que caiu logo, e se retirou no castelo tido como inexpugnável.

Após oito dias de ferozes assaltos, os almorávidas estavam dizimados, esgotados pelo calor e desconfiando a chegada de reforços cristãos, se retiraram.

A morte de Diego Rodríguez, filho do Cid Campeador, é comemorada todo ano em Consuegra.

Fortaleza era um tremendo meio de defesa.
Yusuf ibn Tasufin, voltou em junho de 1098 a Marrakesh (África) satisfeito por suas numerosas conquistas.

A Cruzada de Reconquista da Espanha ainda demoraria anos para expulsar definitivamente os mouros do país.

Na foto ao lado do castelo, o fotógrafo soube valorizar muito bem o edifício, focalizando-o isolado no alto.

A impressão que causa é dupla: ao mesmo tempo que parece um brinquedinho, também ressalta a fortaleza como um tremendo meio de defesa.

Veja vídeo
Castelos espanhóis
Por um lado, parece pequeno dentro desse imenso panorama, mas de outro é colossal, se comparado com as dimensões de um homem.

É constituído de um feixe de torres, deixando transparecer claramente o aspecto heróico.

Qual a vantagem da torre?

Se duzentos homens atacam a muralha, podem fazer um esforço conjunto em toda sua extensão.

Penetrar pela força na fortaleza era dificílimo. Passagem denominada 'sentinela'

Entretanto, em relação à torre só é possível um esforço individual, pois quem está atacando de um lado não pode ser auxiliado pelo que está do outro lado, o que torna a defesa muito mais eficaz.

Se levarmos em consideração que o defensor no alto da torre está protegido contra pedras, chumbo derretido, água fervendo, setas, etc, e que o agressor está vulnerável a tudo isso, percebe-se como é difícil a tomada da torre.

Após forçar as defesas, o invasor encontrava a grade de ferro e um longo túnel
Compreende-se então como as torres “olham” com desdém para as elevações de terreno, impávidas diante do assalto dos adversários que pretenderiam atacá-las.


Na fortaleza, pequenos estandartes se mostram aqui, lá e acolá.

Poderíamos imaginar, nesse ambiente, um admirável cortejo de cavaleiros que partem para uma cruzada. Como seria belo isso!







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3 comentários:

  1. Muito lindosss!!! Ameeii! Obrigada!

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  2. Marice Palmyra Cordeiro19 de julho de 2013 às 13:33

    É maravilhoso poder, imaginar que homens e realeza viveram. Leio com atenção todos os parágrafos . Deixo me levar pelo tempo e espeço e dou asas a minha imaginação.

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