quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Por que o sonho se tornou realidade nos castelos?

Castelo dos condes de Foix, nos Pirineus franceses
Castelo dos condes de Foix, nos Pirineus franceses
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O castelo medieval típico dá antes de tudo a impressão de grandeza e até de majestade.

Mas, ao mesmo tempo tem tanta graça e leveza que a gente pensa estar diante de um castelo de conto de fadas!

Na vida real não eram prédios de fantasia. De início, foram fortalezas militares para a defesa da região e de seus habitantes.

Posteriormente com a cristianização dos costumes e a diminuição das guerras os nobres proprietários passaram a enfeitá-los fazendo reluzir todo o seu bom gosto e sua liderança natural.

E muitos desses castelos atingiram  uma forma de beleza tão oposta a nossa época que a gente fica levado a se perguntar se de fato existiram.

Se pode achar que esses castelos foram fruto da imaginação e que, como os prédios de Disneylândia, nunca tiveram conexão com a realidade.

E a gente quer saber se não se trata de um sonho transposto numa foto ou num vídeo, de tal maneira eles são admiráveis!

Há dezenas de milhares deles na Europa.

Eles foram construídos e neles viveram pessoas de carne e osso como nós que trabalharam, sofreram e lutaram para ir modelando essas maravilhas.

Castelo de Chillon, sobre o lago Léman, na Suíça
Castelo de Chillon, sobre o lago Léman, na Suíça
Alguns dos castelos mais famosos são muito visitados pelos turistas. Há até um negócio montado por museus e governos especialmente em torno dos castelos maiores que foram os reais.

Mas a imensa maioria foi obra de famílias ao longo de gerações.

E até em muitos casos continuam pertencendo a essas famílias ou a seus sucessores.

Neles vivem e conduzem suas atividades geralmente ligadas às terras que os rodeiam.

Esses castelos se destacam pela história e pelo trabalho acumulado através dos séculos com espírito de fé e seu correlato temporal: a procura da beleza e da sublimidade.

A nobreza e a majestade dos castelos se expressam pela sua grande altura.

A diferença entre as mais altas torres do castelo e a base é enorme em casos como o de Saumur.

Em outros a base habitualmente é disfarçada por muralhas e está enterrada no chão. São os alicerces do castelo.

Por vezes parece não ter alicerces e que ele está colocado como uma espécie de enfeite de bolo de noiva, diretamente sobre o solo, como no castelo de Chaumont.

No castelo de Chambord toda espécie de chaminés e de torreõezinhos  se levanta para o céu. Elas parecem uma revoada de pássaros maravilhosos.

As torres mais altas estão uma competindo com a outra para ver quem se levanta mais.

E algumas estão arrastando atrás de si todas as chaminés e todos os torreõezinhos dando a impressão que o castelo está para levantar voo.

A base de Chambord é sólida e retangular: tudo o oposto da parte superior de torrezinhas e chaminés voláteis.

O castelo parece levantar voo de tal maneira ele é ligeiro e de tal maneira um certo desejo aeronáutico está presente nele, sem a turbina e sem os ruídos do avião de hoje.


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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

O castelo medieval, jóia da Cristandade

Castelo na Aquitânia, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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De dois modos costuma-se ver os castelos feudais.

Ora é o suave e romântico solar dos contos de fadas, com suas torres brilhando ao luar, sua ponte levadiça baixando silenciosamente para deixar entrar o príncipe valente e formoso, que vem encontrar-se com a dama dos seus sonhos, enquanto o vigia soa a trompa e as notas maviosas se espalham pelo lago ao redor, etc.

Para outros é o tenebroso reduto da opressão de um tirano, com negras masmorras em que gemem servos desgraçados.

Segundo essa tétrica versão, as plantações dos camponeses foram destruídas pelas cavalgadas do senhor em alegres folgares de caça, ou pilhadas por sua hoste em rudes lides de guerra.

Castelo de Bannes, na Dordogne, França
Castelo de Bannes, na Dordogne, França
A verdade não está em nenhum destes extremos, clamorosamente contraditórios entre si.

O feudalismo na Idade Média foi suscitado pela Igreja.

Foi o espírito católico dos homens medievais que os levou a se organizarem numa sociedade como nunca houve mais perfeita.

Nem o romantismo dos trovadores, que marca a decadência do espírito medieval, nem as assombrações ridículas com que os inimigos da Igreja procuram denegrir as instituições da civilização cristã nos dão a verdadeira fisionomia do castelo feudal.

Castelo de Val, na Dordogne, França
Castelo de Val, na Dordogne, França
Para compreendê-la, remontemos às suas origens e vejamos como os castelos surgiram, como evoluíram, como se formou a sociedade feudal de que eles são imagem.

Embora todas as nações da Cristandade tenham tido a mesma estrutura social, a evolução foi diferente em cada caso.

E a França foi um dos países em que o feudalismo atingiu seu apogeu.

(Fonte: “Catolicismo”, nº 57, setembro de 1955)


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quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Castelo de VALENÇAY: senhorio, poder, grandeza e esplendor (2)


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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continuação do post anterior: Castelo de Valençay: senhorio, poder, grandeza e esplendor (1)

O jardim do castelo de Valençay é especialmente belo.

Ele é constituído por grandes canteiros com grama e arbustos, estabelecendo uma certa distinção reverencial entre quem está olhando para o castelo e o próprio castelo.

O parque mantém a distância.

Tudo quanto é respeitável, ao mesmo tempo atrai, mantém a distância.

É o próprio da respeitabilidade.

O modelo infinito e perfeito disso é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Olhando as verdadeiras imagens do Divino Redentor, nossa alma sente uma tendência para voar até o coração dEle e... ajoelhar-se.

Porque tudo quanto é respeitável e elevado, atrai, mas mantém a hierarquia.

O castelo de Valençay atrai. Mas, é ou não é verdade que ele incute respeito?


* * *

Eu pergunto: não é verdade que faria bem a um sem-número de pessoas, se ao invés de ter para observar as lambidas e frias prefeituras municipais de hoje em dia, pudesse admirar um centro de construções dessa natureza?

Outra pergunta ousada.

Quem é mais culto?

Um camponês analfabeto, mas visita com freqüência o referido castelo e aprende a admirar, a amar, e a respeitar?

Ou um outro, que vive nas condições em que alguns vivem hoje no interior: aprende a ler, a escrever, aprende as quatro operações aritméticas e alguma coisinha de geografia, mas que só tem um contato com a prefeitura municipal, a delegacia de polícia, a recebedoria de rendas?

Não é verdade que uma pessoa que sabe apreciar esse edifício e é analfabeto, entende melhor as coisas do que um alfabetizado que não sabe prezar isso?

Então, é preciso reconhecer que há uma outra forma de analfabetismo.

Não é aquela por onde não se sabe ler e escrever, mas um gênero de analfabetismo do espírito, mediante o qual não se consegue sentir as belezas e as maravilhas da arte, da cultura e da civilização...

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 2 de agosto de 1989. Sem revisão do autor).


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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Castelo de VALENÇAY: senhorio, poder, grandeza e esplendor (1)


Luis Dufaur
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A primeira impressão, ao se observar esse castelo, situado no vale do Loire, na França, é de deslumbramento.

Uma coisa maravilhosa!

Um conjunto de torres que se elevam garbosas para o ar, indicando senhorio, poder, grandeza e esplendor.

São torres de um castelo-fortaleza.

O intuito da fortificação está muito expresso na carência de janelas nas torres.

Percebe-se que de um lado foram abertas janelas, mas não existem janelas por toda parte. Deve haver falta de ar e de luz em algumas partes desse edifício.

Mas isto era necessário para a construção não poder ser arrombada, violada por pessoas que quisessem penetrar nela. São torres de fortaleza.

Percebe-se que, por baixo do teto arredondado, em forma de chapéu, e das chaminés no outro bloco do edifício, existem ainda as ameias de uma torre medieval.

Tudo quanto é em ângulo só pode mais facilmente evocar uma idéia militar, de combate, do que formas arredondadas.

Esse como que chapéu colocado no alto da torre confere um ar civilista ao castelo...

Além do deslumbramento qual a primeira impressão que ocorre ao espírito, quando se examina o castelo?

Nossos subconscientes estão impregnados com os horrores e as caretas da arquitetura moderna.

Surgida de repente uma obra arquitetônica como esta, é principalmente a idéia do contraste que vem a nosso espírito.

De um lado, a plebeidade, o aspecto proletário enfeitado de tantos prédios que existem nas cidades contemporâneas; e de outro lado, tal edifício que fala de ornato, que ostenta beleza e nobreza.

Esse complexo arquitetônico forma um todo em oposição a um conjunto moderno.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 2 de agosto de 1989. Sem revisão do autor.)


Continua no próximo post: Castelo de Valençay: senhorio, poder, grandeza e esplendor (2)


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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Castelo de SUSCINIO: afirmatividade, personalidade e combatividade

Castelo de Suscinio: fortaleza "de verão"
Castelo de Suscinio: fortaleza "de verão"
Luis Dufaur
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Próximo de uma praia na localidade de Sarzeau (Morbihan, França), o castelo de Suscinio projeta sua imponente figura.

Ele foi construído na segunda metade do século XIV para servir de residência de verão aos Duques da Bretanha.

Seu nome deriva da palavra bretã Ziskennoù, que significa “local de repouso para os viajantes”, ou “local onde se desce”.

A Bretanha está rodeada de mar, recifes e falésias perigosíssimas.

O perpetuo rumor do mar é sua música de fundo. Os seus múltiplos portos são um refúgio necessário.

Iniciado pelo duque de Bretanha, Pierre de Dreux, em 1218, Suscinio serviu de início como residência para os períodos de caça.

Seus descendentes, João I o Vermelho, João IV e João V aumentaram muito o castelo, construindo no século XV até casamatas para peças de artilharia.

A Bretanha era um ducado virtualmente independente ligado ao Reino da França por laços bastante genéricos.

Castelo de Suscinio: símbolo da alteridade bretã
Castelo de Suscinio: símbolo da alteridade bretã
Até que a última herdeira dos Duques, Ana de Bretanha (1477–1514), casou com o Rei da França Luis XII no castelo de Langeais, após inúmeras peripécias políticas, guerras, tentativas de casamento fracassadas, viuvezes e intrigas.

Ana tornou-se rainha da França e a Bretanha passou a ser feudo da casa real francesa.

A rainha Ana, entretanto, passou para a posteridade a imagem de uma princesa bretã muito ciumenta dos direitos de sua terra natal.

E os bretões de fato foram sempre muito feros em defender sua história, direitos e cultura própria.

Suscinio é um exemplo patente disso.

Quem, vendo suas imponentes torres e sólidas casamatas, teria dito que se trata de um “castelo para se passar as férias de verão”?

A preocupação militar é patente. Uma preocupação mais do que tudo defensiva de seus vizinhos: a França e, do outro lado da Mancha, a Inglaterra.

Castelo de Suscinio: força, lógica, coerência, beleza austera e sublime
Suscinio: força, lógica, coerência, beleza austera e sublime
Precisou chegar a barbárie igualitária da Revolução Francesa para que em 1798 o castelo fosse vendido por preço vil a um mercador que o explorou como canteiro de pedras para construção. Isto é, fez-se tudo para fazê-lo desaparecer.

Por isso é que partes importantes dele não existem mais.

Mas, do que sobrou: que força, que lógica, que coerência, que beleza austera e sublime!

As partes preservadas mostram quase intactas suas características de fortaleza medieval. E constituem um símbolo da alteridade bretã.

A Revolução Francesa empenhou-se em derrubar todos os direitos adquiridos historicamente pelos antigos feudos e regiões.

E desconheceu o contrato passado entre Ana de Bretanha e Luís XII, pelo qual o ducado enfeudado à coroa francesa conservaria seus privilégios, usos e costumes.

O que faz a nobreza da Bretanha?

Reuniu-se e mandou dizer aos revolucionários: “Se vocês continuarem nesse caminho, nós proclamamos a independência da Bretanha. Porque nós tínhamos um contrato e vocês violaram esse contrato. Acabou-se”.

Castelo de Suscinio: símbolo de uma região ufana de sua originalidade
Suscinio: símbolo de uma região ufana de sua originalidade
E eclodiu uma guerra civil.

Do ponto de vista político e jurídico, a França antiga era uma soma de contratos amadurecidos e provados historicamente.

Quando a Revolução Francesa decapitou o Rei Luís XVI, três quartos dos departamentos franceses pegaram em armas, porque os contratos haviam sido violados e a França se sentia desfeita.

Os castelos eram como que os monumentos asseguradores da alteridade local e da noção contratual autêntica.

Por mais essa razão, a Revolução Francesa, consumida pelo fanatismo igualitário, quis apagá-los da superfície do país.

Esses contratos nasceram do fundo da realidade e não tinham nada a ver com o cerebrino “Contrato Social” de Rousseau que, comparado com os autênticos contratos, se assemelha a uma bobagem de salão.

Suscinio está ali lembrando essas verdades.



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