terça-feira, 27 de maio de 2014

Foulques Nerra, grande construtor de castelos:
“seus remorsos estavam à altura de seus crimes”

Castelo de Missillac
Castelo de Missillac

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Há uma diferença fundamental entre o homem moderno e o homem medieval.

Não podemos nos iludir: os homens da Idade Média eram homens como nós, concebidos no pecado, que tinham que fazer muito esforço para se vencerem a si próprios e serem bons.

E houve medievais ruins, pecadores, criminosos ou heréticos, além de bons, virtuosos, campeões da lei e da fé.

Eles também encontravam um contexto social e econômico muito conturbado. Mas de um modo diverso: a civilização e a ordem romana haviam ruído estrepitosamente. Não havia ordem no início da era medieval. Tudo era caos e confusão.

E essa desordem geral era propícia a toda espécie de crimes e abusos que, de fato, aconteciam.

Castelo de Montsoreau, Pays de la Loire
Castelo de Montsoreau, Pays de la Loire
A diferença estava em que o medieval tinha também um coração amante e um enlevo de criança pela pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Enquanto o bandido moderno – e muitas vezes o não-bandido moderno – ostentam uma frieza assustadora, inumana até, diante do crime ostensivo ou dissimulado, o medieval chorava sincera e profundamente seus pecados.

Vejamos o caso de Foulques Nerra (965/970-1040), duque de Anjou. Ele foi um homem muito característico dos primeiros séculos medievais:.

Ele foi um personagem de temperamento violento e de uma energia pouco comum. Nele ainda fervia o sangue dos bárbaros não há muito batizados.

Passou para a história como “um dos batalhadores mais agitados da Idade Média”, segundo o historiador Achille Luchaire.

Fazendo jus ao não remoto sangue bárbaro, Foulques foi cruel. Porém, depois de suas más ações, sua consciência falava. E aqui encontramos uma diferença com o bandido moderno.

Foulques tinha um coração amante e um enlevo de criança pela pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo que lhe fazia sentir o mal moral e a ofensa a Deus de suas más ações. Ele era um homem muito sensível ao bem e ao mal.

Por isso ele sentia remorsos e fazia sinceras penitências. Já foi escrito que “seus remorsos estavam à altura de seus crimes”.

Quarto num castelo do vale do Loire
Quarto num castelo do vale do Loire
Hoje os turistas fazem muito bem em visitar o famoso vale do Loire, na França, cheio de castelos maravilhosos.

Sabem eles que na origem dessa  proliferação magnífica de castelos e também de abadias, estava um grande pecador e um grande penitente: Foulques Nerra?

Entre castelos para suas guerras e abadias para purgar suas ofensas a Deus, ele construiu assim cerca de cem prédios históricos.

Talvez Foulques seja o personagem a quem o vale do Loire mais deve castelos e abadias.

Mais. Peregrinou três vezes à Terra Santa (em 1002, 1006 e 1038), em reparação pelas suas más ações.

Em sua última romaria a Jerusalém, dirigiu-se com o dorso nu até o Santo Sepulcro, enquanto dois de seus servidores, por ordem sua, flagelavam-no e bradavam: “Senhor, recebei o péssimo Foulques, conde d’Anjou, que Te traiu e renegou. Olha para sua alma arrependida, ó Senhor Jesus!”

Após inúmeras guerras, ereção de castelos e abadias, Foulques se extinguiu na paz de Deus na cidade de Metz, na França, voltando da romaria penitencial da Terra Santa que acabamos de mencionar.

A bênção da penitência bem feita de Foulques Nerra ainda perfuma o famosíssimo vale do Loire povoado por seus castelos.



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terça-feira, 13 de maio de 2014

Torre de Belém: beleza artística e utilidade militar

A Torre de Belém, em Lisboa, de tal maneira causa a impressão de ser um castelo, e não uma simples Torre, que até se poderia perguntar como uma Torre pode ser tão bela!

Ela ostenta a pompa e a imponência de um castelo de conto de fadas, com sua pedra branca que brilha ao sol.

As paredes da Torre são lisas, mas a monotonia delas é remediada pelas pequenas janelas geminadas, divididas por um arco gracioso, e o terraço. Também ajudam a quebrar a monotonia as guaritas, bem nos ângulos da Torre.

Temos então reunidos, numa superfície pequena, uma sobrecarga de ornatos que lembra uma caixa de joias, um escrínio. Assim, ficamos com a sensação de uma harmonia perfeita.