quarta-feira, 26 de julho de 2023

CHAMBORD: o Céu dominando a Terra

O mais surpreendente de Chambord está na floresta de torres do telhado.
O mais surpreendente de Chambord está na floresta de torres do telhado.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O aspecto mais maravilhoso de Chambord está no telhado.

Ele é coroado por uma floresta de torres e chaminés que sobem para cima como que num concurso.

Elas dão a impressão de um prédio que começa a voar e que várias partes de seu teto começam a subir para o céu, levadas por uma força oposta à força da gravidade.

Ai está um bonito contraste do castelo. Tudo na parte inferior fala da solidez na terra. A floresta de torres e chaminés fala de leveza que vai para o céu.

É um contraste harmonioso cheio de beleza.

Mas a vitoria do castelo está na torre central que domina todo o resto do castelo. Ela é o elemento monárquico.

Da torre central pende toda a nobreza e dignidade do castelo
É do alto da torre central que pende toda a nobreza e dignidade do castelo.

Tem algo de delicado, que quase se confunde com o céu e está bem no centro de todas as simetrias, das leves como das pesadas.

Em função dela e em torno dela o castelo se ordena.

A parte inferior de Chambord, sólida e atarracada, participa do reino do comum e do trivial. A parte superior é uma feeria.

Em ultima análise, Chambord representa o Céu dominando a Terra, a Fé dominando a vida terrena, o espírito dominando a matéria e tudo se resolvendo numa ordem única, que aponta para o Céu.

É propriamente o maravilhoso expresso no castelo de Chambord.

Chambord foi um castelo real. Mas, quando a vida política francesa se centralizou em Paris, os reis vieram cada vez menos a esse castelo e ele praticamente ficou sem historia.

De vez em quando morava alguma pessoa, a quem o rei cedia o castelo durante algum tempo: um general vitorioso, algum príncipe da casa real meio aposentado. Mas passou a ser um castelo sem historia.

Ele transpôs a Revolução Francesa e durante o reinado de Carlos X, foi comprado por uma empresa de demolidores que vendia material de construção. Esses demolidores chamavam-se “La bande noire”, a banda negra.

Chambord representa o Céu dominando a Terra, a Fé dominando a vida terrena, o espírito dominando a matéria
Chambord representa o Céu dominando a Terra, a Fé dominando a vida terrena,
o espírito dominando a matéria
Então, para salvar o castelo abriu-se uma subscrição em toda a França, e os franceses compraram o castelo para salvá-lo.

E o ofertaram ao herdeiro do trono, que era uma criança que usava o titulo de Duque de Bordeaux, e que passou, a partir desse tempo, a chamar-se Conde de Chambord.

Quer dizer, o concurso de dinheiro de um povo inteiro, no século XIX, salvou Chambord.

Houve assim uma espécie de plebiscito de amor do povo francês a favor desse castelo, depois de decorrida a Revolução Francesa.

Essa vitória foi consequência do amor do maravilhoso, sentido não só pelos literatos, artistas ou pessoas de alta educação, mas sentido pela massa inteira de um povo.

O triunfo do senso do maravilhoso sobre a sovinice fez a gloria dos franceses daquele tempo.




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quarta-feira, 12 de julho de 2023

Como pensa um nobre proprietário de um castelo francês?

Pierre-Louis de La Rochefoucauld, duque de Estissac,
e sua esposa a duquesa Sabine
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Pierre-Louis de La Rochefoucauld, duque de Estissac, declarou ao jornal irlandês “The Irish Times”, que ele não comemora o aniversário da queda Bastilha, fato revolucionário que marcou o inicio da derrocada da monarquia na França.

O duque afirma que são muitos os nobres franceses que assumiram essa posição, e que o socialismo ovante do presidente François Hollande os vem reforçando nessa recusa.

“Na Revolução Francesa nós tínhamos que fugir, nos esconder ou sermos mortos”, explica. No dia da Bastilha, há 224 anos, seu antepassado François Alexandre Frédéric de La Rochefoucauld foi interrogado pelo decadente rei Luis XVI se havia uma revolta em Paris.

E ele respondeu com uma frase célebre: “Não, majestade. Não é uma revolta, é uma revolução”.

Desde então se sucederam nove gerações de La Rochefoucauld, família cuja linhagem está solidamente estabelecida pelo há menos mil anos, desde Foucaud I em 1019.

Cerca de 15 membros dessa família foram guilhotinados durante as criminosas jornadas revolucionárias.

Beato Pierre-Louis de La Rochefoucauld-Bayers (1744-1792),
bispo de Saintes, mártir da Revolução Francesa
O mais renomado é o Beato D. Pierre-Louis de La Rochefoucauld, Bispo de Saintes, assassinado no cruzamento das ruas de Assas e Vaugirard em Paris, após ser encarcerado com 150 outros clérigos na capela dos Carmelitas, durante as sanguinárias “jornadas de setembro” de 1792.

“Ordenaram a eles reconhecer a nova Constituição da Igreja sob a Revolução. E todos disseram ‘Não’. Eles foram levados um por um ao jardim, onde dúzias de ‘patriotas’ caíram acima deles matando-os com martelos e facas”.

D. Pierre-Louis de La Rochefoucauld foi beatificado em 1920 e seria canonizado não fosse o fato, segundo o duque, de o Episcopado temer o governo republicano.

“Na França, todo governo empossado julga que a Revolução Francesa foi uma coisa maravilhosa”, diz ele com tristeza.

Mas, “se o senhor for a um igreja, encontrará pessoas como eu. A cavalaria é a base da velha nobreza, e a fé católica é a base da cavalaria. Em toda Europa há famílias como a nossa”, acrescenta.

Manifestação contra o 'casamento' homossexual, Paris
O duque não é de ir a manifestações de rua, mas saiu duas vezes no inverno passado para protestar contra a legalização do “casamento” homossexual. 

Os manifestantes estavam “felizes e simpáticos, mas eu fiquei horrorizado com a conduta da polícia”, observou ele.

Se dúvida pudesse haver, o ministro da Educação socialista, Vincent Peillon, afastou-as de uma vez.

No seu livro A Revolução Francesa não terminou, ele incita a acabar com a religião católica e os conservadores religiosos em geral, acusando-os de se oporem à ideologia de gênero e ao “casamento” homossexual.

Para o duque, o atual governo socialista é a continuidade hodierna do regime do Terror jacobino.

Na França, seis mil nobres lutam para frear tanto a erosão de suas propriedades – simbolizadas pelos seus castelos – quanto as suas tradições, inscritas em quase todos os cantos do país.

O duque gosta de caçar na floresta de Orleans, prática secular intimamente ligada aos primórdios da nobreza na Idade Media que a legislação socialo-ecologista quer proibir esta.

Castelo de Bonnétable: restaurado e mantido pela família La Rochefoucauld.
A nobreza mantém de iniciativa própria grande parte
do patrimônio histórico familiar da França
O duque vive de sua terra e tem em horror à expressão anglo-saxã “fazer dinheiro”.

“Eu acho que é horrível, horrível. E eu não estou sozinho nisso”.

Ele objeta as fortunas baseadas nas finanças, pois provêm e produzem coisas que têm uma realidade fictícia, passageira, enganadora.

Aparentemente, essa atitude dos nobres seria partilhável pelo presidente socialista Hollande, que se diz contrário ao capitalismo, bem como por muitos outros arautos que gostam de se exibir como defensores dos pobres.

Mas pode-se “tirar o cavalo da chuva”, pois esses “generosos” e “humildes” populistas odeiam as posições da nobreza, porque estas se inspiram verdadeira e sinceramente no exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo.



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