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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
À beira da estrada, um “castelinho” cheio de beleza e dignidade transmite um sorriso encantador.
Seu nome é Marçay, o mesmo da localidade, no vale do Loire, na França.
De onde vem seu encanto?
É porque ele é ao mesmo tempo forte e tem algo de brinquedinho.
O teto é em “V”, com ângulo muito fechado e a pedra é forte.
Ele é de uma época em que já não eram construídos os castelos militares medievais mas conservavam-se os que existiam.
À parte medieval se acrescentavam modificações mais recentes.
O teto ainda é muito pontudo “en poivrière” ‒ poivre é pimenta, a poivrière se usava antigamente na mesa para conter a pimenta e tinha essa forma.

Posteriormente, com o desaparecimento gradual das guerras feudais, foram abertos nelas alguns orifícios.
A parte superior da torre tem um diâmetro maior e uma porção de arcozinhos ajudam a suportar essa parte. Qual é a razão disso?
É que a defesa militar da torre está na naquela parte do alto. Ali ficavam os soldados que defendiam a torre.
Eles se defendiam atirando setas sobre os que sitiavam o castelo através de seteiras estreitas, janelas pequenas através das quais eles jogavam coisas sobre os assaltantes.

Essas torres devem em ter tido em volta um fosso com água. Então, se compreende a dificuldade de conseguir vencer essa torre.
Há uma torre quadrada, mais ou menos com a mesma estrutura das redondas.
Depois há uma torrezinha que dá acesso a uma pequena porta que antigamente devia ter um pontezinha levadiça. As torres defendiam essa entrada.
Deve ter havido no castelo partes antigas que se incendiaram, ou foram demolidas, ou arrasadas e foi construída uma edificação mais recente em que a preocupação da guerra transparece pouco ou nada.
A parte nova tem chaminés e janelas já bem altas e largas, e algumas quase ao alcance do chão.
Aparece uma preocupação exclusivamente ornamental.

O castelo, porque é muito mais alto do que achatarrado, tem qualquer coisa de leve e até de brinquedinho.
O telhado é todo revestido de ardósias, que é um material muito bonito e tem a vantagem de ser incombustível.
Em caso de guerra se jogam setas incendiadas, batem na ardósia e cai no chão. Ardósia é pedra, não pega fogo.
A preocupação de ser delicado, tão característica da arquitetura post medieval ali começa a aparecer, a sorrir.
O castelo tem em torno de si um bosque bonito e uma pradaria grande.

O parque é muito agradável e bonito.
Há cadeiras de parque brancas colocadas em vários lugares.
O dia era lindo, a vegetação quase não se movia, não ventava, havia uma espécie de louçania, de doçura que estava esparsa pela ar, mas que parecia brotar até da terra.
A vontade que eu tive era de propor aos meus companheiros de viagem de ficarmos umas duas ou três horas conversando assuntos diversos, numa agradável prosa sem eira e nem beira, e estritamente impedido de introduzir qualquer assunto administrativo.
Mas nós tínhamos um calendário marcado e não era possível.
Foi, portanto, com certo pesar que eu me despedi do castelo de Marçay.
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