terça-feira, 29 de outubro de 2013

MARÇAY: força, simplicidade e encanto

À beira da estrada, um “castelinho” cheio de beleza e dignidade transmite um sorriso encantador.

Seu nome é Marçay, o mesmo da localidade, no vale do Loire, na França.

De onde vem seu encanto?

É porque ele é ao mesmo tempo forte e tem algo de brinquedinho.

O teto é em “V”, com ângulo muito fechado e a pedra é forte.

Ele é de uma época em que já não eram construídos os castelos militares medievais mas conservavam-se os que existiam.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

WARWICK: força e delicadeza, nobreza e sacralidade

Warwick: imensa fortaleza, parte em ruínas, parte refeita no estilo Belle Époque
Warwick: imensa fortaleza, parte em ruínas, parte refeita no estilo Belle Époque
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O castelo de Warwick, na Inglaterra, considerando-se a simples formosura do conjunto arquitetônico, dispensaria comentários.

Porém sua beleza é especial, muito de acordo com o gosto anglo-saxão que inclui elementos que não são frequentes nas preferências latinas.

Sua beleza não está tanto contida em algum aspecto chamechante de cor ou forma, mas se encontra difusa discretamente pelo todo.

A imensa muralha e o conjunto de prédios que constituem o castelo em muitos lados estão em ruínas. Por vezes, são ruínas de grandes partes de muralhas ou torres.

A ruína inglesa tem uma beleza peculiar, sobretudo se a consideramos envolta nas brumas frequentes na ilha e no verde intenso dos gramados favorecidos pela umidade ambiente.

Uma torre que emerge na bruma sugere ambientes ou acontecimentos fantásticos que se verificaram outrora.

Não apenas acontecimentos históricos ou arqueológicos, mas fatos que deixaram ecos por assim dizer vivos que se movem misteriosamente nas horas escuras e brumosas.

Warwick reflete sua figura no plácido rio Avon
Warwick reflete sua figura no plácido rio Avon
História de fantasmas, de monstros misteriosos, de belíssimas damas brancas, de almas penadas de reis ou de nobres que ali viveram ou morreram em circunstâncias atormentadas ou mal conhecidas.

Os gramados, quando não são abafados pela neve invernal, costumam ser de uma cor verde esmeralda intensíssima.

Os rios que banham o castelo inglês típico correm muito mansamente. E formam espelhos d’água placidíssimos que refletem perfeitamente os monumentos cujos pés eles lambem.

No caso de Warwick é o rio Avon, que banha outros locais históricos prestigiosos. Entre eles, a cidade de Stratford-upon-Avon, onde nasceu e morou o famoso literato William Shakespeare.

Esse rio inspirou, com certeza, muitas das ambientações ricas em matizes das obras de Shakespeare.

Sob vários ângulos o Warwick parece não estar mais habitado e como que abandonado, um fator que o enriquece, segundo o gosto inglês.

Nas partes habitadas ou tornadas museu ele se mostra luxuoso e perfeitamente acabado e conservado.

Como tudo que é medieval, o conjunto emana força, nobreza e sacralidade.

Sala de jantar no castelo de Warwick
Sala de jantar no castelo de Warwick
O estilo medieval inglês é muito nobre, formoso, com forte nota de severidade temperada por detalhes subtis e delicados.

Tivemos ocasião de tratar em outro post da história do castelo, desde suas origens até o presente.

CLIQUE AQUI PARA VER: Warwick: vigor, esplendor e charme da cavalaria antiga.

A influência do afrancesamento foi feliz para a Inglaterra e teve um efeito enriquecedor e amenizador.

Essa influência se nota muito em Warwick, como se pode apreciar na sala de jantar, por exemplo.

A esplêndida exposição de armamento medieval põe em destaque as luminosas armaduras, em contraste magnífico com a severidade dos lambris de madeira e da pedra.

O gótico do prédio sobressai no interior, embora muitos salões tenham sido refeitos no estilo do Ancien Régime francês, com seu requinte e colorido.

Sala de música do castelo de Warwick, no estilo Belle Époque
Sala de música do castelo de Warwick, no estilo Belle Époque
Belíssimos quadros antigos, cores resplandecentes na pintura e nos panos de parede nos afastam da trivialidade pardacenta dos prédios modernos.

As figuras de cera recriam a vida brilhante e também superficial da Belle Époque, a qual acabou morrendo durante a tragédia da I Guerra Mundial.

Está também no gosto inglês que os objetos como mesas e sofás sejam um pouco pesados.

Eles parecem feitos para a pessoa sentar-se durante longas horas, pensar, ler e deixar as impressões se depositarem.

Tendo o Império Inglês atingido seu ápice no período da Belle Époque, a Inglaterra importou então maciçamente obras de arte do Oriente.

De onde os lindíssimos tapetes e maravilhosos vasos de porcelana chinesa que compõem salas suntuosas e elegantes.




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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Casa do Rei em Bruxelas

Casa do rei, Burxelas. Castelos medievais
Vemos nesse palácio – denominado Casa do Rei, porquanto foi a residência do Rei da Espanha – a beleza das várias seqüências de ogivas.

Ele está situado na Praça do Mercado de Bruxelas, capital da Bélgica.

O prédio é constituído por três andares e uma mansarda, com o mesmo estilo arquitetônico - o gótico -, exibindo, contudo, harmônicas e elegantes distinções entre suas diversas partes.

O andar térreo apresenta uma galeria com colunas, sobre as quais repousam ogivas muito abertas.

Sobre esta galeria, como fachada do primeiro andar, ergue-se outra, cujo número de colunas e ogivas é o dobro das colunas e ogivas de baixo, com exceção das duas colunas e da ogiva do centro do edifício, que se repetem nas duas galerias.

Todas as ogivas são trabalhadas finamente; de repente, elas se adelgaçam e terminam numa ponta.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

COCHEM: castelo das “mil e uma torres”

O castelo de Cochem domina o rio Mosela com fascinante atrativo
O castelo de Cochem domina o rio Mosela com fascinante atrativo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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O castelo de Cochem coroa uma elevação que domina o rio Mosela com fascinante atrativo.

Essa colossal joia arquitetônica faz parte do segundo menor distrito rural do Lander Renânia-Palatinado, grande região da Alemanha.

Com pouco menos de 5.000 habitantes, Cochem só é menos populosa que o distrito rural de Kusel.

Como é possível que de algo tão pequeno na ordem material tenha surgido algo tão grande na ordem do espírito, da arte e da arquitetura?

O castelo de Cochem sintetiza o que a Idade Média fez de melhor e aquilo que o século XIX – século em que o castelo foi restaurado a fundo – sonhou a respeito da ordem medieval.

O século XIX restaurou joias arquitetônicas da Idade Média. Cochem
A Idade Média sonhou com Deus e com a ordem maravilhosa que Ele pôs o universo.

E assim acabou nascendo a Cristandade.

O século XIX sonhou com a Idade Média e a ordem da Cristandade e restaurou joias arquitetônicas com uma riqueza de recursos e técnicas que não havia na era medieval.

É uma espécie de regra de três: o século XIX está para a Idade Média como a Idade Média está para Deus.

Porém, os medievais não sonhavam com Deus do mesmo modo que o século XIX sonhou a ordem medieval.

No ponto de partida e ao longo de toda a realização das obras, para o medieval está a fé.

E a certeza de que esta terra é um vale de lágrimas onde o homem se prepara pelas boas obras para ver a Deus durante a eternidade.

Por essa razão o medieval acabava pondo em tudo que fazia, inclusive nas realizações mais pragmáticas, uma certa semelhança do Céu a que ele aspirava.

E essa nota por assim dizer “paradisíaca” impregnou tudo o que os medievais fizeram.

O castelo de Cochem foi construído perto do ano 1000 pelo conde palatino Ezzo, filho do conde palatino Hermann Pusilius.

Cochem aparece pela primeira vez num documento escrito em 1051, quando Richeza, irmã mais velha de Ezzo e ex-rainha da Polônia, legou o castelo ao conde palatino Enrique I.

Salão do castelo de Cochem
Salão do castelo de Cochem
Em 1151, o rei da Alemanha Conrado III tomou conta da fortaleza, a qual passou a fazer parte de um dos feudos imperiais.

Em 1294, o rei Adolfo de Nassau cedeu ao arcebispo de Trier, D. Boemundo I, a cidade de Cochem, seu castelo e cerca de 50 cidades.

Desde então, os arcebispos de Trier, que também elegiam os imperadores, passaram a governar Cochem.

O arcebispo D. Balduino de Luxemburgo (1307-1354) engrandeceu-o e fortificou-o.

Em 1688, durante as famosas guerras de sucessão do Palatinado, as tropas do rei francês Luis XIV invadiram a região do Reno e da Mosela, se apoderaram do castelo e o incendiaram.

Cochem ficou reduzido a ruínas até 1868 – portanto, no século XIX, ao qual acima nos referimos – até que um rico homem de negócios de Berlim decidiu reconstruí-lo inteiramente a partir das ruínas, mas inspirando-se no estilo neogótico, muito popular no Romantismo alemão.

As brumas envolvendo o castelo de Cochem
As brumas envolvendo o castelo de Cochem
A mobília atual remonta aos tempos da Renascença e do Barroco.

O castelo se encontra a mais de cem metros acima do rio Mosela.

Sob o sol resplandecente do verão, ele supera em beleza, proporção e autenticidade os próprios castelos de Hollywood, tão fantasiosos quanto artificiais.

No inverno as brumas o envolvem, ressaltando aspectos de sua feérica figura, que ora aparecem, ora desaparecem entre as nuvens.

As muralhas externas, primeira linha defensiva em caso de guerra, se adaptam à topografia natural.

Árvores e vinhedos crescem até o próprio pé desses imponentes muros, numa harmoniosa integração da natureza e da civilização.

O arvoredo é como que prolongado por uma minifloresta de torres e pontas que combinam com a vegetação e a geografia, acrescentando o requinte da cultura católica.

Sobre uma torre mais larga, à direita da foto, surge a capela com uma torre de sino bem estreita e original, entre aquele ‘bosque’ de belos pináculos.

Veja vídeo
Cochem:
no vale do Mosela
No centro apreciamos o grande pátio interior, sobre o qual dão os diversos corpos de edifícios.

Eles formam um conjunto que se diria caótico de acordo com os critérios dos prédios quadrados e sem graça modernos.

Mas eles se harmonizam com insuperável poesia e beleza. Todos eles estão coroados com as mais diversas torrezinhas e janelas em ponta.

No centro surge a cidadela ou torre de menagem, a peça central do sistema defensivo, reinando com impressionante força e majestade.

Poder-se-ia achar que uma torre tão possante e muitas vezes mais imponente que as outras esmaga as torrezinhas.

Mas nada disso.

Tem-se a impressão de que as pequeninas se sentem protegidas e muito bem aconchegadas ao pé dessa formidável torre monárquica.

Duas torrezinhas de Cochem
Duas torrezinhas de Cochem
Essa torre de menagem é a rainha da ‘floresta’ de torrezinhas e o conjunto reina sobre o proeminente morro.

Embaixo o rio Mosela corre sereno e como que amparado à sombra da fortaleza.

As plantações de uva para vinho crescem abundantemente sobre as acentuadas encostas que ladeiam o rio.

Assim era o relacionamento social do povo com a nobreza, inclusive a mais elevada. E do medieval com o próprio Deus.

O pequeno se sentia bem protegido pelo grande, a quem servia com enlevo e veneração. Então todos os frutos da harmonia social podiam se desenvolver à vontade num ambiente de cooperação e apoio mútuo, pacífico e aconchegante.

O castelo vigia pela boa ordem do vale, como Deus vigia pela Ordem da Criação
A força e o aconchego estão por toda parte em Cochem, impregnados por uma fantasia ordenada pela lógica e pela fé.

Se por absurdo um anjo precisasse um dia repousar na Terra, por certo encontraria no castelo de Cochem uma residência ideal.

Então ele poderia, a partir de suas torres, entoar os melhores cânticos de glória a Deus num contexto cultural e natural condigno.


Video: Cochem: castelo nas beiras do Mosela





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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Se os homens tivessem continuado construindo castelos, até que patamares de beleza e elevação não teriam chegado?

Clerans, Castelos medievais
Castelo de Clerans, França

A Idade Média gerou grandes castelos de fábula, por exemplo o de Chenonceaux ou o de São Luís.

Mas também produziu centenas e centenas de castelos de graus menores de beleza e magnificência.

E eles são muito bonitos e admiráveis também como o de Clerans na foto ao lado.

E, não só de castelos, mas casas senhoriais, burguesas e populares nas quais se espelhava qualquer coisa do brilho do grande castelo.

O universo dos castelos medievais não se compreende verdadeiramente, sem considerar esta dimensão social.

No período medieval o teor geral da vida possibilitou ao homem realizar na Terra não propriamente um mundo de gostosuras, mas sim um mundo de maravilhas e de realizações arquitetônicas, ultra-sapienciais e ultra-capazes de nos falar do Céu.

E por causa disso mesmo ultra-agradáveis para o homem peregrino nesta terra.