Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A lenda narra uma história assaz pitoresca, e um pouco hilária, sobre a origem do nome da cidade de Carcassonne.
A fortaleza da época, assaz pequena, foi assediada durante longos anos e estava quase reduzida à fome.
Utilizando suas últimas reservas de farinha, a Dama Carcas teve a ideia de engordar um porco que ela lançou do alto das muralhas no campo dos assaltantes.
Estes, persuadidos de que a Cidade possuía ainda numerosas reservas de víveres, resolveram levantar o cerco.
Empunhando então uma trompa, em sinal de vitória, a Dama Carcas tocou (fez soar) a retirada do inimigo. [Daí “carcas-soa” = Carcas toca a trompeta]
As origens remotas de Carcassonne vêm dos tempos dos Celtas, Galo-romanos e Visigodos.
Na Idade Média foi construído o imponente conjunto de fortificações, com dupla linha de muralhas, que representa o ápice da engenharia militar do século XIII.
O traçado irregular das ruas estreitas contrasta com a magnificência das muralhas.
O atual castelo foi completado com um segundo cerco de muralhas por ordem de São Luís IX e é guarnecido por 59 torres e barbacãs, além de poternas e portas fortificadas.
O conjunto foi restaurado no século XIX por Violet-le-Duc. Em verdade, a restauração só atingiu o 30% da fortaleza, mas ainda assim é a maior da Europa.
Carcassone na ‘Língua de Oc’, do Languedoque, ou Carcassonne em francês e também em português fica na região de Aude, na Occitânia no sul oeste da França.
A 90 quilômetros a sudeste de Toulouse, 60 km a oeste de Narbona e cerca de 70 km a oeste da costa mediterrânica.
Os francos tomaram a cidade aos sarracenos no século VIII e chamaram à cidade Karkashuna.
Pepino, o Breve, pai de Carlos Magno, reconquistou o Languedoque dos morros em meados do século VIII.
O local foi habitado no Neolítico, como é atestado por objetos que se encontram no Museu de Toulouse.
Esse sítio proto-histórico junto ao rio Aude, Plínio, o Velho (século I d.C.) designa com o nome de Cascasso dos Volcas Tectósagos (em latim: Carcaso Volcarum Tectosage).
No fim do século II a.C. foi ocupado pelos romanos que o fortificaram em 118 a.C.
Os sarracenos invadiram no século VIII até sofrerem a formidável derrota de Poitiers por Carlos Martel, mas chegaram a permanecer durante cerca de 30 anos como também na vizinha Lourdes.
Após a dissolução do Império Carolíngio no final do século IX, Carcassone foi governada pela dinastia da família Trencavel entre os séculos XI e XIII, prosperando e se tornando um local estratégico de primeira importância no Languedoque.
A heresia cátara com suas perversões teve muitos adeptos em Carcassone, protegidos pelo visconde Raimundo Rogério Trencavel (1185–1209)-
O Papa declarou a cidade terra de heresia pelo papa e foi um dos alvos da Cruzada Albigense, liderada primeiro pelo legado papal Arnaldo Amalrico e depois por um dos maiores heróis medievais Simão de Montfort.
Em agosto de 1209, o exército de cruzados sitiou tomou dois burgos rapidamente e as muralhas e fortificações ainda resistiram até que Trencavel capitulou após duas semanas de cerco, foi preso e morreu pouco depois.
As terras dos heréticos foram dadas ao célebre Simão de Monfort.
O filho dele, Amalrico VI, doou depois as terras ao rei de França, que as integrou no domínio real em 1224.
Em 1234 foi instalado na cidade um tribunal da Inquisição e quando em 1240, Raimundo II Trencavel, liderou uma tentativa de revolta, o rei São Luís a esmagou.
A a população herética se estabeleceu na outra margem do Aude, alimentando uma rivalidade feroz social e econômica.
Mas a cidade de São Luis prosperou a ponto de ultrapassar os revoltosos que perderam todo o poder e influência política.
Em 1248 a cidade foi dotada de um governo municipal autônomo, como era o costume medieval.
No caso, a cidade passou a ser governada por seis cônsules com a ajuda dos notáveis locais. No século XIV, a cidade era o principal centro de produção têxtil de França, que usava como matéria prima a lã proveniente dos rebanhos da Montanha Negra e do Maciço das Corbières.
Em 1348 a peste assolou Carcassone e a Guerra dos Cem Anos provoca numerosos danos. O Príncipe Negro devastou a cidade baixa mas desistiu de cercar a fortaleza que foi fortificada em 1359.
O rei Luís XI (1461–1483), este confirmou os privilégios da cidade.
Em 1531 o protestantismo veio se alimentar com ressaibos da heresia cátara – como aliás faria o nazismo no século XX – mas os calvinistas foram perseguidos e a cidade tornou-se uma base para os católicos.
Esse, usaram Carcasonne para lançar ataques contra as aldeias protestantes nas guerras de religião. Por volta de 1560, os protestantes de Carcassone haviam sido massacrados.
O comércio de tecidos e a riqueza que fornecia prevaleceu sobre a natureza militar da cidadela e embelezou a cidade. O absolutismo real favoreceu as manufaturas para abaixar os nobres.
Carcassone, onde concentraram num só local todas as operações necessárias ao fabrico que tecidos, o que proporcionou uma grande prosperidade à família, cuja terceira geração abandonou a indústria para se dedicar à política.
Apareceram palácios urbanos particulares burgueses sumptuosos, o abastecimento de água foi melhorado, as ruas foram pavimentadas e iluminadas, tornando a cidade mais moderna.
As velhas muralhas da cidade foram demolidas no século XVIII.
A tecelagem mecanizada da indústria têxtil britânica provocaram a injusta miséria dos últimos tecelões de qualidade da cidade.
A mecanização supostamente portadora de progresso e riqueza abaixou os salários do tecelões da cidade provocando miséria, fome e descontentamento popular na cidade.
Entre 1795 e 1800 a cidadela deixa de existir como entidade político-administrativa, sendo absorvida por Carcassone (a cidade baixa).
A cidade se reergueu pela revalorização do passado medieval.
A cidadela, completamente arruinada, Eruditos cantaram as glórias do passado e as obras de restauração foram dirigidas com sucesso pelo famoso arquiteto Viollet-le-Duc.
Em 1944, o castelo condal de Carcassona foi usado por tropas alemãs como armazém de munições e explosivos e expulsaram os habitantes.
Também por mistérios ocultistas, as SS e organizações secretas que agiam por dentro do nazismo se engajaram à procura de não se sabe que mistérios, sem nenhum resultado conhecido.
Com três milhões de visitantes anualmente, é um dos locais mais visitados da Europa.
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