Chaumont-sur-Loire, França |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A cavalaria foi o grande entusiasmo da Idade Média.
O sentido da palavra cavalheiresco, que ela nos legou, traduz muito fielmente o conjunto de qualidades que suscitavam a sua admiração.
Basta percorrer a sua literatura, contemplar as obras de arte que dela nos restam, para ver por todo lado — nos romances, nos poemas, nos quadros, nas esculturas, nos manuscritos com iluminuras — surgir esse cavaleiro do qual a bela estátua da catedral de Bamberg representa um perfeito espécime.
Por outro lado, é suficiente ler os nossos cronistas para constatar que esse tipo de homem não existiu apenas nos romances, e que a encarnação do perfeito cavaleiro, realizada no trono de França na pessoa de um São Luís, teve nessa época uma multidão de êmulos.
Cires-les-Mello, França |
Estritamente localizada, reduz-se freqüentemente a um simples passeio militar, à tomada de uma cidade ou de um castelo.
Os meios de defesa são então muito superiores aos de ataque: as muralhas, os fossos de uma fortaleza garantem a segurança dos sitiados; uma corrente estendida ao longo da entrada de um porto constitui uma salvaguarda, pelo menos provisória.
Para o ataque, a quase nada se recorre, apenas às armas de mão: espada e lança.
Se um belo corpo-a-corpo arranca dos cronistas gritos de admiração, eles só têm desdém pelas armas de covardes — o arco ou a besta — que diminuem os riscos, mas também as grandes façanhas.
Apremont-sur-Allier, França |
Também as torres de menagem estão providas adequadamente: enormes provisões de cereais amontoam-se em vastas caves, que a lenda romântica transformou em “masmorras”, e arranjam-se de modo a ter sempre um poço ou uma cisterna no interior da praça-forte.
Quando uma máquina de guerra é demasiado mortífera, o papado proíbe o seu uso: o da pólvora de canhão, cujos efeitos e composição se conhecem desde o século XIII, só começa a propagar-se no dia em que a sua autoridade já não é suficientemente forte, e em que já se começam a esboroar os princípios da Cristandade.
Como escreve Orderic Vital, “por temor de Deus, por cavalheirismo, procurava-se aprisionar de preferência a matar. Guerreiros cristãos não têm sede de espalhar sangue”.
É corrente, no campo de batalha, ver o vencedor perdoar àquele que desmontou, e que lhe grita “obrigado!”.
Cita-se como exemplo a batalha de Andelys, conduzida por Luís VI em 1119, na qual se assinalam somente três mortos entre novecentos combatentes.
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Muito poderíamos aprender hoje com as lições de cavalheirismo que os nossos antepassados nos legaram... excelente post (para variar)...
ResponderExcluirOLA TD BEM?
ResponderExcluirACHO MTO LINDO ... ADORO CASTELOS MEDIEVAIS,,,ACHO QUE EM OUTRAS VIDAS JA VIVI EM UM...
TENHO MTA CURIOSIDADE DE VE-LOS POR DENTRO E FICO IMAGINANDO CADA COMODO ... CHEGO ATÉ SONHAR
GOSTARIA MTO DE VER POR DENTRO E DE VER OS QUADROS DOS ANTEPASSADO... DEVE SER MAGICO VOLTAR AO TEMPO... BEIJOS...EDNA
belíssimo artigo!
ResponderExcluir“por temor de Deus, por cavalheirismo, procurava-se aprisionar de preferência a matar. Guerreiros cristãos não têm sede de espalhar sangue”.
ResponderExcluirEste belo artigo me faz refletir sobre as declarações macabras do Senhor Leandro Karnal, onde coloca no mesmo nível de paridade todas as religiões do mundo. Digo isto porque tenho recentemente estudado religiões indígenas do período colonial, onde para os autóctones, o acesso a "terra sem mal" se dava por meio da pura carnificina. Aos considerados covardes ou que nunca mataram nenhum inimigo, lhes restava a mortalidade da alma, a necrofagia por um espírito maligno.
Só podemos identificar, na mais otimista das hipóteses, que esse mesmo senhor não tem nenhuma estima pela vida humana, pouco importa se é perdida por meio do aborto ou num ritual antropofágico.