quarta-feira, 6 de junho de 2018

Origem e morte do castelo depende da moral e da religião da família nobre

Montreuil-Bellay
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O castelo está intrinsecamente ligado a uma família. A família é a alma do castelo.

Tudo nele, grande o pequeno, carrancudo ou charmoso, é a manifestação do espírito de uma linhagem.

Como tantos deles ficaram abandonados e até viraram ruínas?

Quanto mais se procura, encontra-se quase infalívelmente o mesmo fato:a família que o criou e/ou habitou, previamente decaiu. As causas alegadas da decadência podem ser diversas: guerras, desastres naturais...

Porém, sempre se encontra uma grande e decisiva causa: a crise moral e religiosa da família nobre que foi a alma do castelo.

O acadêmico Jean d'Ormesson, de nobre origem, escreveu sobre a escalada dos prazeres, a infidelidade conjugal e a morte da vida em muitos castelos:

As concubinas tiveram na história de minha família e de seu enfraquecimento um papel comparável ao de Robespierre, de Darwin, de Karl Marx, das quintas-feiras negras de Wall Street, de Freud, de Rimbaud e de Picasso: elas abalaram um pouco mais algumas das colunas de nosso velho templo apodrecido.



Challain
Nunca meu avô disse-me uma palavra, nem a outra pessoa da família, creio eu, a respeito do que sucedia conosco. Eu me perguntava se ele compreendia o que se passava. Não estou certo. Mas ele sentia que a ordem tinha sofrido danos. E esses danos envenenaram os últimos dias de sua vida.

A liberdade dos costumes tinha tomado, um pouco misteriosamente, ares de destruição. A libertinagem passava lentamente para o lado da morte e do desespero.

Havia algo de tresloucado e de crepuscular em nossos prazeres ilícitos. Não era difícil perceber, sob a alegria e as trepidações, o gosto da fuga, da vertigem, a fascinação pelos torvelinhos, uma sede ardente de delírios.

Não era mais à volúpia que nos abandonávamos: era a todos os abismos do aniquilamento.

Nada se assemelhava tanto ao suicídio como as loucuras de pessoas enfadadas com o mundo e entregues aos prazeres proibidos, irremediavelmente ligados a uma situação econômica e social e à decadência política e moral. Vivíamos irritados numa civilização cansada. Cansada dela mesma, cansada de nós.

Mayenne
Enquanto nós nos enchafurdávamos na fruição duvidosa de todas as liberdades, outros se punham a dançar nas ruas, a passear de braços dados sob o sol de verão, a acampar nas praias e florestas, a descobrir o mundo ingênuo de cujo charme desgastado nós fugíamos: era o povo.

No horizonte já se anunciava o Front Populaire. E nós usávamos nossas últimas forças a renegar todas as regras que, tendo feito nossa grandeza, agora nos asfixiavam.

Víamos de modo obscuro que uma nova moral ia surgir e que não mais seríamos a classe dominante. Por isso nos lançávamos em nossa própria negação.

E meu avô, sozinho, abatido pelos anos e mais ainda pelo futuro, permanecia de pé, imóvel como uma estátua do Comandante despojado de todo prestígio, como a pedra testemunhante de uma moral ultrapassada.

(Fonte: Jean d'Ormesson, “Au plaisir de Dieu”, Ed. Gallimard, 1980, 626 páginas.)
Hoje, certas famílias nobres se perguntam se não é para enterrar esse liberalismo moral, assassino da família.



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