quarta-feira, 29 de outubro de 2025

STIRLING: relíquia e consciência do velho reino da Escócia

O castelo de Stirling: uma posição quase inacessível, símbolo da altaneria escocesa
O castelo de Stirling: uma posição quase inacessível, símbolo da altaneria escocesa
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O castelo-fortaleza de Stirling é um dos maiores da Escócia. É também o mais importante do ponto de vista histórico e arquitetônico.

Ele foi construído sobre o Morro do Castelo e está no alto de precipícios por três lados.

As partes atuais do castelo são, na sua maioria, dos séculos XV e XVI. Só ficaram algumas estruturas da era medieval.

Vários reis e rainhas da Escócia foram coroados em Stirling. Entre eles a rainha Maria Stuart, em 1543.

Stirling é talvez uma das fortalezas em torno das quais aconteceram mais batalhas, pois ela é todo um símbolo da Escócia.

O castelo suportou pelo menos oito grandes sítios, inclusive durante as Guerras da Independência da Escócia. O último aconteceu em 1746, quando o príncipe católico Carlos Eduardo Stuart, conhecido como “Bonnie Prince Charlie”, tentou recuperar o castelo de seus antecessores.

Austeridade, brilho, heroísmo e realeza: Stirling é símbolo da Escócia
Austeridade, brilho, heroísmo e realeza: Stirling é símbolo da Escócia
A história remonta ao tempo dos romanos. Estes não se interessaram pelo local, que foi aproveitado esporadicamente por primitivos reis do povo picto, daquela região.

A tradição conta que Santa Monenna teria fundado uma ermida no local. Porém, os primeiros registros documentais sobre a ocupação do Morro de Stirling são do ano 1110, quando o rei Alexandre I erigiu uma capela.

Seu sucessor, o rei David I estabeleceu o castelo, um burgo e um centro administrativo do reino.

Durante as guerras com os vizinhos ingleses, Stirling continuou sendo a residência favorita dos reis escoceses.

Em 1296, o rei Eduardo da Inglaterra invadiu a Escócia, iniciando as chamadas Guerras da Independência. Estas duraram cinco séculos, incluindo períodos de calmaria.

O castelo mudou muitas vezes de mãos, foi destruído e reconstruído sucessivamente.

Quando, por fim, a Inglaterra anglicana conseguiu se impor e a coroa escocesa ficou com os reis da Inglaterra em 1603, Stirling conheceu uma grande decadência, sendo usado como quartel e prisão.

Stirling: a restauração esta lhe devolvendo o esplendor de que nunca deveria ter sido despojado
Stirling: a restauração esta lhe devolvendo o esplendor
de que nunca deveria ter sido despojado
Mas as saudades da antiga monarquia escocesa continuaram fortes, inclusive no século XXI.

Foram então empreendidos grandes trabalhos, ainda em andamento, para restaurar o velho castelo real.

Os quase inacessíveis muros medievais foram muito reformados nos séculos seguintes, para acolher a artilharia incipiente, sobretudo nos grandes sítios.

A fortaleza tinha uma casa de entrada por onde era preciso passar para entrar no castelo. Isso era frequente na arquitetura militar medieval.

Essa casa de entrada podia ser cortada do resto do castelo caso o inimigo conseguisse tomá-la. A atual foi erigida pelo rei Jaime IV, por volta de 1506.

As grandes torres redondas de tetos cônicos forram rodeadas por muitas outras torres redondas das quais só restaram vestígios.

A construção é típica da era da cavalaria. A torre oeste, conhecida como Torre do Príncipe – provavelmente Henrique, príncipe de Escócia – é a única que sobrevive em seu tamanho original.

A casa de entrada comunica com o pátio do castelo, onde estavam as instalações funcionais, como as grandes cozinhas.

Os quartos e as salas principais ficam no primeiro andar.

A monarquia medieval era muito familiar
e o palácio do rei tinha ambiente de lar
O Great Hall, ou Sala do Parlamento foi considerado “o mais grandioso prédio secular construído na Escócia no fim da Idade Média”. Ele já contém elementos do estilo renascentistas.

O Palácio Real constitui um prédio aparte dentro do castelo e mistura exuberantes elementos do gótico tardio e da Renascença encomendado pelo rei Jaime V.

O plano arquitetônico é de inspiração francesa, mas a decoração é alemã.

Na capela real foi coroada em 1543 Maria Stuart, rainha católica da Escócia. A capela foi reformada logo depois.

Como em muitos castelos escoceses, corre no Stirling a referência a diversos fantasmas que o habitariam.

A chamada dama verde de Stirling seria o fantasma de um dos servidores da rainha Maria Stuart.

Mas a própria rainha está associada ao fantasma de uma dama cor de rosa.

Uma coisa é certa: a imagem da última rainha católica de charme incomparável ainda passeia nas lembranças dos escoceses, como que pedindo um retorno deles àquilo que foi o Reino de Escócia de outrora.

A restauração de Stirling em andamento:




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quarta-feira, 15 de outubro de 2025

FONTAINEBLEAU: severidade e esplendor dos aposentos da Rainha-mãe

Salão da Rainha-mãe em Fontainebleau
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Nota-se neste ambiente de Fontainebleau um quê de severidade. E explica-se, porque se trata da sala da Rainha-mãe.

Era ela viúva e tudo quanto acompanhava a viuvez tinha um tom de tristeza.

De onde as portas escuras, que trazem — ao lado de todo o esplendor — uma vaga reminiscência de luto.

Entretanto, o que essa porta tem de muito sério é compensado por diversos desenhos miúdos, de arabescos finos, de flores, de guirlandas e de figuras mitológicas.

Um elemento decorativo, ao lado das tapeçarias colossais, que torna o ambiente muito bonito, são os espelhos, certamente produzidos em Veneza. Enormes, profundos e que são como que janelas abertas que aligeiram o ambiente.

Quadro da Rainha-mãe, Ana d'Áustria
(1601 - 1666), por Gilbert de Sève (1615–1698)
Chama atenção o quadro da Rainha-mãe, Ana d'Áustria, mãe de Luiz XIV, colocado no alto da porta.

Esses quadros sobre portas dão à passagem um pouco de majestade semelhante a um arco de triunfo. É triunfal para ela estar no topo de uma porta, dominando o ambiente.

Porta sempre com dois batentes, devido ao protocolo da Corte. Para as filhas ou netas do rei, abriam-se os dois batentes e o alabardeiro dava uma estocada no solo e proclamava: Sua Majestade — a Rainha, ou Sua Alteza Real etc.

Para um príncipe de sangue real que não fosse filho ou neto de rei, mas parente mais distante e para todo o resto da nobreza, abria-se apenas um batente.

De maneira que era em grande estilo quando a Rainha-mãe entrava precedida pelos alabardeiros.

Abriam-se as portas, colocavam-se eles dos dois lados e proclamavam: Sa Majesté, la Reine. Então, faziam-se reverências etc.

Dormitório da Rainha-mãe em Fontainebleau

Assim, a porta era objeto de um cerimonial. Ela tinha caráter triunfal, pois fazia parte dos hábitos do tempo a arte de chegar ou sair.

Não se chegava num ambiente como um frango entra no galinheiro... Ao se chegar a uma sala, a pessoa precisava marcar sua presença; e ao retirar-se, o ato necessitava igualmente ser marcante.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 31,10.1966. Excertos sem revisão do autor).

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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

ALMANSA: castelo de sonhos e heroísmo cristão

Almansa: um castelo de sonhos e heroísmo cristão
Almansa: um castelo de sonhos e heroísmo cristão
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Como que se faz análise de uma fotografia?

Olhando e tendo a primeira impressão; depois, procurando ver qual a sensação que ela causa e, em seguida, analisando o fundamento dessa sensação.

Na foto desse castelo da Espanha, o Almansa, é preciso fazer uma distinção entre dois campos visuais admiravelmente harmônicos, mas perfeitamente distintos.

Um é o castelo propriamente dito — com a montanha que lhe serve de base — e o outro é o conjunto de nuvens extraordinárias que servem de moldura para a fortaleza.

O castelo e as nuvens fazem centralizar toda a vista na torre. Esta incute a impressão de altaneria, dignidade e majestade extraordinárias.

Tem-se a ideia de que essa torre enfrenta, do alto desse monte, um inimigo que surge ao longe.

A torre incute a impressão de altaneria, dignidade e majestade
A torre incute a impressão de altaneria, dignidade e majestade
Mas que ela o enfrenta com galhardia, olhando como quem ameaça dizendo: “Aproxima-te que eu te esmago, não temo!”

Não é fanfarronada. Porque se percebem outras muralhas da fortaleza, que mostram o quanto ela é profunda, que possui tropas e outros elementos para resistir.

Esse fidalgo atrevimento da torre tem a sua razão de ser: revela que o castelo é poderoso e não teme nada.

No alto, as nuvens se acumulam densas e majestosas. Dir-se-ia que elas simbolizam o tremendo da batalha que pode dar-se.

Seriam como que uma voz da História dizendo ao senhor feudal do castelo: “As ameaças da vida pairam sobre ti, chegou a tua hora de lutar. Sê herói ou serás esmagado!”

Nesta cena, o artista soube fotografar o castelo numa hora em que a luz deu-lhe a aparência de âmbar ou de porcelana. É um castelo de sonhos, um castelo irreal.

Qual a missão desse castelo? Lembrar à alma comodista do homem contemporâneo alguma coisa que o deve envergonhar. É que ele perdeu o senso do sacrifício, perdeu o gosto da luta e não sabe mais o que é ser herói.

Para as populações acovardadas de hoje em dia o castelo é uma lição de moral, que fica proclamando a grandeza de alma dos espanhóis da Reconquista, que por amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Nossa Senhora e à Santa Igreja Católica, foram povoando a Espanha de castelos à medida que iam reconquistando o país; para que os muçulmanos não pensassem jamais em voltar. Se voltassem, encontrariam essa rede de castelos para fazer-lhes oposição.

É o heroísmo cristão! Heroísmo que nasceu no mundo quando Nosso Senhor Jesus Cristo expirou na Cruz, redimindo o gênero humano e a Santa Igreja católica pôde começar a difundir-se entre os povos.

Almansa fala do senso do sacrifício, da luta e do heroismo.
Almansa fala do senso do sacrifício, da luta e do heroismo.

(Autor: excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 5-5-1984. Sem revisão do autor.)

Situado na cidade de Almansa, na província de Albacete (Espanha), o castelo de Almansa é o mais preservado da região de Castilla La Mancha.

Cravado no Cerro del Aguila, suas origens remontam ao século XIII, mas a aparência atual é do século XV, quando passou a ser propriedade de Dom Juan Pacheco, Marquês de Villena.

Em 1921 a fortaleza foi declarada Monumento Histórico-Artístico Nacional.





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