quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Tomar: reduto dos templários em desgraça (II)

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: Tomar: reduto dos templários em desgraça (I)

 

 Quando a injustiça se abateu sobre os templários, eles estavam também em Portugal desde os tempos de D. Afonso Henriques, e ali nenhuma suspeita pôde ser contra eles levantada.

Nem por isso estavam isentos de sofrer a mesma punição que tinha caído sobre eles na Europa.

Foi hábil a decisão do Rei D. Dinis de Portugal, de executar a ordem pontifícia de fechar a Ordem, mas não para apossar-se de seu patrimônio, e sim para doá-lo à Ordem Militar da Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou simplesmente Ordem de Cristo, que criou em 1318.

O Papa João XXII nomeou D. Gil Martins seu primeiro grão-mestre, que antes o fora dos cavaleiros de Aviz.

Quis El-Rei que a nova Ordem tivesse seu quartel-general em Castro Marim, para defender o Algarve das incursões dos mouros dos reinos do Marrocos e de Granada.

Em 1356, transferiu-se para Tomar, no Ribatejo. Ali existiam, desde 1160, o castelo e o convento dos templários, doados à Ordem de Cristo.

* * *

Sete mestres cavaleiros teve a Ordem de Cristo até ser nomeado seu Regedor o Infante D. Henrique, Conde de Viseu, chamado o Navegador (1394-1460). Daí em diante ficou ela vinculada à Casa Real.

Herdou esse governo D. Manuel, o Venturoso, conservando-o durante todo o seu reinado.

Dispondo a Ordem de grandes recursos, empregou-os D. Henrique em seus projetos de navegação, com vistas à expansão da fé cristã e à conversão dos povos pagãos.

Foi assim que as naus comandadas por Pedro Álvares Cabral vieram ter ao Brasil, tendo estampadas em suas velas a Cruz de Cristo, símbolo da Ordem que patrocinava as navegações, e à qual o descobridor da Terra de Santa Cruz também pertencia como cavaleiro.

As ordens de cavalaria representaram uma das mais altas expressões do espírito cristão, que é o espírito de luta.

A vida do católico neste mundo é um combate, pois ele pertence à Igreja Militante. O Lutador por excelência foi Nosso Senhor Jesus Cristo, que levou o seu combate até à agonia e morte na Cruz. Agonia, em grego, quer dizer precisamente luta.

Nessa perspectiva, o convento-fortaleza de Tomar pode ser considerado um dos lugares mais sagrados de Portugal.



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4 comentários:

  1. MARCELO MIRANDA LAMY7 de junho de 2011 às 11:34

    Parabéns pelo site.
    Informações interessantes sobre a historia medieval.
    Tive o prazer de conhecer alguns dos castelos citados e todos são magnificos. abrs

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  2. Tomar é o CENTRO SAGRADO DE PORTUGAL -exacatamente a sul de Compostela.

    Na zona detrás dos 3 portais há uma sala muito interessante: sete arcos; sete degraus; uma bacia para imersão em água corrente.

    Deveriam todos estar uma noite estrelada junto da janela virada para o claustro de Stª Bárbara (vulgo janela da sala do capítulo-foto 1). Se for pelo equinócio, as estrelas apontam o Brasil. E o castelo começou a ser construído no 1ª dia do ano, que era em Março...
    Irene Lopes

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  3. Henrique de Brito e Faro28 de janeiro de 2021 às 09:05

    Bom Dia
    Gosto muito dos seus artigos e reflexões .
    Sou português, vivo no Porto e acompanho o vosso site há vários anos.
    Obrigado

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