terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Algumas lendas natalinas antigas da França e da Inglaterra

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Toque de sino exorcístico

“O momento em que o Maligno finalmente fica reduzido à impotência é o do tilintar do primeiro toque da meia-noite de Natal”.(1)

A raiva do demônio

“Um antigo conto de Natal nos apresenta uma descrição forte e ingênua da raiva do demônio pela vinda do Messias:

“'Eu me enraiveço'.

O demônio, certamente, dentro de seu coração se enraivece, porque Deus vem presentemente salvar os filhos de Adão e de Eva, de Eva, de Eva!

Ele reinava absolutamente sem nos dar trégua, mas esse santo acontecimento livra os filhos de Adão e de Eva, de Eva, de Eva!

Cantemos o Natal altamente, saiamos de nosso pesadelo, bendigamos a salvação de todos os filhos de Adão e de Eva, de Eva, de Eva”.(2)

Sortilégios perdem o poder

“No Limousin, França, percorrendo os campos, encontra-se a crença de que os malefícios, os sortilégios e todas as obras do espírito do mal perdem seu poder na noite de Natal; e que é permitido chegar até os tesouros mais escondidos, pois a vigilância dos monstros –– ou dos seres preternaturais que os guardam –– torna-se nula, ou seu poder suspenso”.(3)

Shakespeare recorda uma lenda

“Dizem que, sempre na época em que é celebrado o Natal de nosso Salvador, o pássaro da aurora canta durante toda a noite; e então, nenhum espírito mau ousa vagar pelo espaço; as noites não trazem malefícios, os planetas não exercem má influência, nenhum encantamento consegue atrair, nenhuma bruxa tem o poder de fazer mal: tão abençoado é esse tempo, e tão sagrado!”.(4)

______________
Notas:
1. http://www.joyeux-noel.com
2. Bíblia dos Natais, p. 33.
3. M. G., de la Société archéologique du Limousin.
4. Shakespeare, Hamlet, ato I, cena I.


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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 2

Jardins do castelo de Sceaux
Jardins do castelo de Sceaux
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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continuação do post anterior: Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 1




Conta-se que, filho e neto de bons jardineiros, André Le Nôtre viu pela primeira vez Luís XIV no jardim do Louvre quando o rei tinha cinco anos e correu para abraçá-lo e osculá-lo.

No fim da vida, o mesmo rei convidou-o para deambularem juntos, cada um numa chaise carregada por guardas suíços pelos jardins de Marly-le-Roi, rodeados por muitos cortesãos ... a pé.

“Ele tinha uma probidade, uma precisão e uma retidão que faziam com que todo o mundo o estimasse e amasse”, escreveu dele o duque de Saint-Simon, brilhante mais exigentíssimo memorialista.

Le Nôtre, porém, se definia como um “pobre jardineiro”, tendo recusado o título de nobreza que Luís XIV quis lhe conceder. 

Também teve que penar para evitar a inveja de certos cortesãos, mostrando sempre uma modéstia e uma prudência extrema aliadas a uma piedade católica ostensiva.

Detalhe menor, mas importante: Le Nôtre acumulou uma imensa fortuna e foi um colecionador de obras de arte de raro seletivo e altíssimo valor.

Versailles vista aérea dos jardins
Versailles vista aérea dos jardins
Conta-se que a chave da casa onde reunia essas custosas peças estava à disposição de quem quer quisesse visitá-la.

Na hora da morte, ele legou a seu amado rei as suas melhores obras.

Alta formação

Le Nôtre se formou em matemática e geometria, frequentou o mundo científico e trabalhou com artistas como Vouet, Poussin e até Bernini.

Ele utilizou os mesmos elementos que os outros jardineiros usam (canais, alamedas, cercas vivas, gramados, lagos artificiais, fontes), mas o fez como um artista formado nos melhores ateliers da época.

O apelativo de “ourives da terra” calhou perfeitamente, pois ele pegou a inexpressiva terra e a fez produzir joias.

Também soube associar, de modo inteiramente pessoal, o vegetal, o mineral e a água.

E combinou equilíbrio e elegância por trás de um traçado de simetria e harmonia perfeitas.

Fonte de Apolo em Versailles: armonia de todos os elementos naturais
Fonte de Apolo em Versailles: armonia de todos os elementos naturais
Ele transformou um pântano mal-cheiroso no Grand Canal, fez de dezenas de hectares desnivelados imensos tapetes persas de vegetação no meio dos quais as árvores se ordenavam num minueto sublime.

Outras vezes, as árvores ficavam em colunas de soldados cobertos de rendas prestes a render armas ao maior rei da Terra, e onde as fontes pareciam escachoar diamantes líquidos.

Sua arte tirava da contemplação da perfeição divina impressa na natureza todas as potencialidades de beleza, ressaltando o contraste, o movimento, a simetria, o rigor e a ordem.

O tufão revolucionário contra ele

Le Nôtre fez triunfar a linha sobre o desalinho, o raciocínio sobre a improvisação, o espírito sobre a matéria.

Porém, atraiu a inveja e a oposição das novas tendências que louvavam a natureza espontânea entregue à sua própria desordem.

Tratava-se dos precursores do ecologismo que viriam a adotar as utopias de revolucionárias de Jean-Jacques Rousseau.

A Revolução Francesa pensou em arrasar os jardins de Versalhes e secar o Grand Canal para devolver ao povo as terras cultiváveis que lhe teriam sido tiradas.

Esplendor das flores, formas e arte
Esplendor das flores, formas e arte
Em setembro de 1793, Charles Delacroix, comissário da Convenção, contemplando dos terraços os jardins, exclamou: “É preciso que o arado passe por aqui!” Uma reforma agrária à la MST!

Hoje, Alain Baraton, jardineiro chefe de Versalhes, considerando a admiração do povo pela obra de Le Nôtre, escreveu: “No fundo, os franceses são monarquistas!”

E não só os franceses, acrescentamos nós.

De fato, Le Nôtre montou ordenações aristocráticas feitas com o ‘povinho’ da vegetação e instituiu estruturas monárquicas em seus projetos paradisíacos.

Baraton acrescentou ao “Le Figaro” que esse “monarquista” de hoje deseja introduzir um pouco de geometria em seu jardim, pois isso lhe dá a sensação de se conectar com a História da França.

Para o jardineiro chefe de Versalhes isso é especialmente verdadeiro num período caótico como o nosso, registrou “Le Figaro”.

André Le Nôtre faleceu em 15 de setembro 1700.

Hoje um exército de jardineiros enlevados utilizando modernos recursos da tecnologia está restaurando os mais fabulosos projetos do “artesão do eterno”.


Vídeo: Le Nôtre: o genial jardineiro



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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 1

Vaux-le-Vicomte: uma das obras primas de jardinagem de Le Nôtre
Vaux-le-Vicomte: uma das obras primas de jardinagem de Le Nôtre
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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política internacional,
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Há já mais de 400 anos que nasceu André Le Nôtre, jardineiro e filho do povo que atingiu a glória realizando os mais famosos jardins do mundo para o rei Luís XIV e outros grandes castelos da nobreza francesa do Grande Século.

Sua mais famosa realização são os jardins do castelo de Versalhes, que ainda hoje maravilham milhões de turistas todo ano.

Mas há, entre outros, o famosíssimo jardim do castelo de Vaux-le-Vicomte, do ex-ministro das Finanças Fouquet, caído em desgraça pela opulência ostentada.

Encontro harmônico dos extremos da pirâmide social

André Le Nôtre foi filho do povo e até recusou título de nobreza.  Mas de um povo católico elevado pelo convívio armónico com a nobreza
André Le Nôtre foi filho do povo e até recusou título de nobreza.
Mas de um povo católico elevado pelo convívio armónico com a nobreza
Le Nôtre foi um talento nascido do povo que o senso hierárquico de Luís XIV e outros grandes nobres soube reconhecer, promover e enaltecer em um altíssimo e merecido grau.

Vice-versa, em não pequena medida, o serviço enlevado e inteligentíssimo do jardineiro contribuiu para a glória imorredoura do Rei Sol e dos grandes nobres da França.

Admirável consórcio de almas posicionadas nas extremidades opostas da ordem social, trabalhando unidas à procura de um ideal de perfeição da ordem natural que ainda deslumbra os homens. 

Algo só verificado na Civilização Cristã.

Sob aristocráticas influências, Le Nôtre desenvolveu seu potencial invulgar de arquiteto e paisagista, maestro supremo na arte de fazer a natureza render o que ela tem de melhor.

Duas grandezas se encontraram num momento histórico, afinando para além da diferença social hierárquica e harmônica da França católica. O jardineiro foi até o fim um amigo e confidente do maior rei de seu século.

A elevação produzida pelo convívio com o rei fez de Le Nôtre também um colecionador de arte inteligente, um homem cujo senso estético segue inspirando os criadores do mundo inteiro.

Os jardins de Chantilly foram outra de suas realizações
Os jardins de Chantilly foram outra de suas realizações
No 400º de seu nascimento, André Le Nôtre recebe elogios como “ourives da terra” e “artesão do eterno”; biografias e álbuns lhe são dedicados, jornais e televisões publicam edições especiais, exposições e espetáculos lhe são consagrados e empreendem-se restaurações de suas mais ousadas criações paisagísticas.

O criador dos Champs-Elysées, dos jardins de Vaux-le-Vicomte, Chantilly, Fontainebleau, Sceaux, Louvre e das Tulherias, do Luxemburgo e de Saint-Germain-en-Laye, de Saint-Cloud e dos jardins de Versalhes – a sua obra prima – , sem esquecer sua contribuição aos projetos dos jardins de Marly-le-Roi, do castelo de Cassel na Alemanha ou o de Windsor na Inglaterra ou ainda da Venaria Reale na Itália, levou a arte da jardinagem a seu mais alto ponto de perfeição, escreveu o diário “Le Figaro”.


Relacionamento com o Rei Sol

Le Nôtre nasceu em 12 de março de 1613 num grande clã familiar que havia 40 anos cuidava dos jardins reais das Tulherias.

Charles Perrault observou: “Certamente é uma vantagem muito grande para se triunfar numa profissão nascer de pais que já a exerceram ou que a exercem bem-sucedidos”.

Detalhe dos jardins de Versailles (Orangerie = Laranjal)
Detalhe dos jardins de Versailles (Orangerie = Laranjal)
Porém existe um mal-entendido sobre o significado de “jardineiro”. Hoje se pensa num homem que trabalha a terra com sua pá e usa um chapéu de palha.

Os títulos de Le Nôtre incluíam o de desenhista de Sua Majestade, conselheiro do rei, controlador geral dos prédios e jardins, das Artes e das Manufaturas, etc.

Ele comandava um exército de operários que realizavam gigantescas obras sob suas ordens.

E gozava da intimidade do rei a ponto de abraçá-lo cada vez que o encontrava, e com o qual se exprimia com rara e respeitosa franqueza.

Durante toda a sua vida o jardineiro conservou o privilegio de oscular o rei.


Vídeo: Le Nôtre: o genial jardineiro


 

Continua no próximo post: Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 2




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terça-feira, 15 de outubro de 2013

A Casa do Rei em Bruxelas

Casa do rei, Burxelas. Castelos medievais
Vemos nesse palácio – denominado Casa do Rei, porquanto foi a residência do Rei da Espanha – a beleza das várias seqüências de ogivas.

Ele está situado na Praça do Mercado de Bruxelas, capital da Bélgica.

O prédio é constituído por três andares e uma mansarda, com o mesmo estilo arquitetônico - o gótico -, exibindo, contudo, harmônicas e elegantes distinções entre suas diversas partes.

O andar térreo apresenta uma galeria com colunas, sobre as quais repousam ogivas muito abertas.

Sobre esta galeria, como fachada do primeiro andar, ergue-se outra, cujo número de colunas e ogivas é o dobro das colunas e ogivas de baixo, com exceção das duas colunas e da ogiva do centro do edifício, que se repetem nas duas galerias.

Todas as ogivas são trabalhadas finamente; de repente, elas se adelgaçam e terminam numa ponta.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Palácio dos Doges de Veneza: sublimidade, simplicidade, arte e aristocracia

Palácio dos Doges de Veneza: sede de governo de uma república aristocrática
Palácio dos Doges de Veneza: sede de governo de uma república aristocrática
A renda de pedra do Palácio dos Doges de Veneza é o lado surpreendente do mais sublime caixotão que possa haver.

Porque este é o mais sublime caixotão da História, porque é um caixote, mas que caixote!

Há uma inversão: a parte pesada fica em cima. Mas, para desfazer a parte pesada, há um desenho de pedra que é uma beleza.

As ogivas, no estilo gótico veneziano, foram duas fileiras de uma delicadeza e de uma beleza linda. Mas o “caixotão” não pesa em cima delas.

domingo, 18 de agosto de 2013

Faça uma visita virtual à Catedral de SANTIAGO DE COMPOSTELA

Veja vídeo


A história da catedral de Santiago de Compostela começou pelo ano 813, quanto um eremita de nome Pelayo e alguns pastores se depararam com uma estranha luminosidade.

Aquela misteriosa luz se espalhava sobre um pequeno bosque perto de um morro chamado Libredón. A paisagem, em certos momentos, ficava tão clara que se parecia a um campo estrelado (Campus Stellae = Compostela).

Teodomiro, o bispo local, informado do estranho fenômeno, soube que a luz focara no chão uma antiga arca de mármore. Nela se teria encontrado os restos humanos que se dizia pertencer ao Apóstolo Santiago.

Segundo uma história antiga o Apóstolo decidiu evangelizar a Espanha, mas foi decapitado pelo rei Herodes Agripa na Palestina.

O corpo dele, então, foi lançado ao mar num barco no porto de Jaffa. Sem tripulação, sem leme, soprada só pelo vento, a nau aportou nas costas da Galícia, que os romanos chamavam de Finis Mundi.

Recolhida da praia, a arca fora enterrada num “compostum”, quer dizer um cemitério.



Incenso na Catedral de Compostela: o "botafumeiro!