O castelo de Edimburgo na noite fala de suas lendas, saudades e tragédias |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O castelo de Edimburgo é uma antiga fortaleza que domina a capital da Escócia, desde o topo chamado Castle Rock (Rochedo do Castelo).
O castelo ergue-se no colo de um vulcão extinto. Ao sul, oeste e norte, ele é protegido por íngremes falésias elevadas de uns 80 metros.
A única estrada de acesso vem pelo leste, facilitando a defesa.
A primeira referência ao lugar já imerge na lenda. Em meados do século II, Ptolomeu (83–168 d.C.) refere-se a uma “Alauna”, mencionada pelos romanos.
Um certo “Ebrawce”, lendário rei bretão, teria construído Edimburgo na época em que David reinava em Israel (por volta do ano 1000 a.C.).
As origens do castelo de Edimburgo imergem na lenda |
A arqueologia detecta a presença romana na região nos séculos I e II da era cristã.
Os primeiros dados certos provêm da Idade Média. Por volta dos anos 600, aparece no poema épico Y Gododdin uma referência ao Castle Rock.
Segundo o poema, o rei Mynyddog Mwynfawr de Gododdin e seu bando de guerreiros praticaram gloriosos feitos de valor e bravura contra os anglos, mas foram massacrados.
O território em volta de Edimburgo foi parte do reino da Nortúmbria, ele próprio absorvido pelo reino de Inglaterra no século X.
A primeira referência documentada a um castelo em Edimburgo fala do “Castle of Maidens”, onde morreu Santa Margarida de Escócia em 16 de novembro de 1093.
Dentre os mais antigos corpos do castelo em pedra, figura a Capela de Santa Margarida e uma igreja dedicada a Nossa Senhora, provavelmente do século XII.
Interior do castelo de Edimburgo |
O castelo de Edimburgo, porém, regressou às mãos de Guilherme I como dote da sua noiva inglesa Ermengarde de Beaumont.
A Inglaterra tentou sempre se apropriar do reino escocês provocando guerras, razão pela qual a posse do disputado castelo originou lances históricos.
O Tratado de Berwick, de 1357, pôs fim às guerras, garantindo a independência da Escócia. O castelo de Edimburgo se tornou a principal residência real escocesa. Mas a Inglaterra não perdeu as esperanças.
Maria Stuart rainha da Escócia e seu marido o rei Francisco II da França |
Porém, nenhuma se equipara à rainha de fábula que nele viveu prisioneira: Maria Stuart, última rainha de Escócia.
Filha de Jaime V, ela se casou com o futuro rei da França, Francisco II.
A jovem princesinha conquistou a França inteira com seu charme, talvez só comparável ao de uma muito posterior parenta sua: a rainha Maria Antonieta, também da França.
Porém, a tragédia abateu-se sobre a jovem rainha. Francisco II faleceu muito jovem.
Duas vezes rainha, a viúva Maria Stuart deixou o luminoso reino da França e voltou para o seu brumoso reino natal do Norte.
E encontrou-o dividido em feroz oposição de protestantes sediciosos contra católicos fiéis, com a cobiça da Inglaterra na espreita.
Marcada pelo encanto e pela tragédia, a católica Rainha Maria foi para seus fiéis uma Maria Antonieta da Escócia.
Ela se casou em segundas núpcias com Henrique Stuart, Lord Darnley, e no castelo de Edimburgo deu à luz a Jaime, que se tornaria mais tarde rei da Escócia e da Inglaterra.
A melhor nobreza permaneceu fiel à sua causa. Porém, após sucessivas rebeliões, a rainha teve que fugir para a Inglaterra, onde reinava sua prima Isabel I Tudor.
Como Maria Antonieta, a rainha Maria Stuart foi acusada de conspiração e alta traição, sendo condenada à morte num processo arranjado.
Ela compareceu à execução – realizada no castelo de Fotheringhay por ordem de Isabel I – vestida de vermelho, para patentear que morria como mártir católica Em seguida foi decapitada.
Interior do castelo de Edimburgo |
A saudade inextinguível que deixou a rainha Maria Stuart suscitou diversas rebeliões “jacobitas” – em referência a Jacobo Stuart, pretendente ao trono usurpado pelos reis ingleses.
Durante essas tentativas “jacobitas”, o castelo funcionou como fortaleza militar, prisão de guerra, abrigando paióis de pólvora, armazéns, e novos quartéis.
A capela de Santa Margarida caiu em desuso quando a Reforma Protestante estupidamente a transformou em paiol de pólvora.
No século XIX houve um arrefecimento dos conflitos.
Em 1818, Sir Walter Scott recuperou os símbolos da Coroa Escocesa, que foram instalados no castelo de Edimburgo.
Os apartamentos reais usados como residência dos últimos monarcas da Casa de Stuart incluem a Sala da Coroa.
Nesta Sala são expostas as Honras da Escócia, símbolos do reino: a Coroa da Escócia, o cetro e a espada de estado.
A coroa é feita de ouro escocês e tem, incrustadas, 94 pérolas, dez diamantes e 33 outras gemas. O cetro de ouro é encimado por uma grande pedra de cristal.
Maria Stuart que chegou a ser rainha de três reinos |
O Grande Hall, construído pelo rei Jaime IV como local principal da assembleia de estado, foi usado para encontros do Parlamento da Escócia.
Porém, quando os fanáticos protestantes seguidores de Oliver Cromwell invadiram o castelo, converteram-no em quartel para tropas, subdividindo-o em três andares.
Hoje o símbolo de Edimburgo e da Escócia paira sobre a cidade, falando da alteridade heroica e fabulosa de um reino que conheceu seu esplendor sob o signo do catolicismo.
E teve na rainha Maria Stuart uma rosa nascida numa tempestade de ocaso, mas que ainda continua perfumando o castelo e a Escócia inteira.
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Excelente blog. Parabéns!
ResponderExcluirgostei parabens , amo a história escocesa, com os stuarts que pena que foram quebrados pela inglaterra abraço
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