Graça e seriedade nos castelos medievais

Alcácer de Segóvia, Espanha

Luis Dufaur

Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

Pode se discutir se o claustro do mosteiro do Monte Saint Michel tem ainda mais espírito medieval do que a própria silhueta geral da abadia.

Ou até mesmo se é mais plenamente medieval que a catedral de Notre Dame de Paris; ou a de Burgos na Espanha.

Seja o que for, nessas obras encontra-se a expressão em pedra da razão, da lógica, do bom senso e da sabedoria.

Ou seja, de almas que, trabalhadas pela graça, se tornam capazes do equilíbrio e da logicidade total, expressa na Filosofia de Santo Tomás de Aquino.

Castelo de Sepúlveda, Espanha

Este estado de espírito produz uma virtude típica da Idade Média: a seriedade.

É uma seriedade que vem do alto e se dirige para o alto.

Essa seriedade não consiste principalmente em não rir.

É fundamentalmente a atitude do espírito contemplativo, admirativo, enlevado, tranqüilo, capaz de dar um rugido ou de cantar como um anjo, conforme as circunstâncias que encontre diante de si.

São Domingos de Gusmão foi criado no castelo de Caleruega, Espanha
Beato Angélico

Este é o grande fator de equilíbrio medieval.

Este equilíbrio começou a romper-se com a Renascença e o protestantismo.

Veio depois a Revolução Francesa, a Revolução bolchevista e, por fim a gargalhada lúbrica de Maio de 68. I. é, a progressiva não-seriedade da sociedade ocidental.

Cada vez menos séria, menos enlevada, e por isso mesmo cada vez mais tediosa e menos embebida de graças sobrenaturais.

Numa palavra, foram passos na recusa progressiva do sobrenatural, na medida em que se afastava do espírito medieval.

Plinio Correa de Oliveira, 12/8/90. Sem revisão do autor

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