quarta-feira, 16 de junho de 2021

Castelo de La Rochefoucauld: a história de uma família milenar esculpida na pedra

Castelo que leva o nome da ilustre família que o possui há mil anos
Castelo que leva o nome da ilustre família que o possui há mil anos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





O castelo de La Rochefoucauld leva o nome da ilustre família que o possui há mil anos, na localidade do mesmo nome, no departamento de Charente, França.

Um castelo é um livro aberto em que se pode ler a história da família fundadora, de seus momentos fastos e nefastos, através dos séculos, das eras históricas.

É muito importante conhecer as datas em que foi sendo erguido e os nomes de seus construtores.

Castelo de La Rochefoucauld viu mil invernos da mesma família
Castelo de La Rochefoucauld viu mil invernos da mesma família
Mas vale muito mais aprender a ler seu espírito, seus imponderáveis, suas grandezas e misérias gravadas em seus elementos mais destacados ou às vezes em minúsculos detalhes arquitetônicos.

Em 980, Fucaldus – este era o nome de seu fundador – construiu um campo fortificado no rochedo ou “La Roche”, que domina o rio Tardoire.

No século XI o nome tinha se polido. E Foucauld, “Senhor de La Roche”, por laços de casamento havia se aparentado com a dinastia franca. 

Ele mandou construir a torre de menagem quadrada – a peça central de todo castelo – destinada a ser o último reduto dos moradores da região em caso de invasão inimiga.

Com o tempo a torre de menagem passou a simbolizar a altaneira autonomia do senhor do castelo, de sua família e de toda sua região.

Em 1148 o castelo foi pilhado pelo Conde de Angoulême, Bougrain II e por Guillaume IV Taillefer. 

Castelo de La Rochefoucauld: obra de uma família milenar
Castelo de La Rochefoucauld: obra de uma família milenar
Os La Rochefoucauld tinham entrado em guerra com eles. Mas a família nem por isso desanimou.

As crônicas registram que um La Rochefoucauld endividou-se para financiar sua tropa com o fim de partir para a Cruzada.

Pois, na Idade Média os governos não tinham dinheiro para fazer a guerra – ainda bem! – e foram os nobres que arcaram de seu próprio bolso com todas as despesas para recuperar a Terra Santa.

Esse documento, quase uma relíquia da glória familiar, está exposto na sala dos arquivos do castelo.

Em 1350, Aimeri III de La Rochefoucauld mandou construir as duas torres de entrada. E em 1453, Jean de La Rochefoucauld edificou as três torres de esquina e elevou a torre de menagem.

O rei Carlos VII de França esteve no castelo quando soube da vitória de suas tropas sobre as do Condestável John Talbot, comandante das tropas inglesas, na Batalha de Castillon.

Essa vitória pôs fim à Guerra dos Cem Anos após a entrada decisiva de Santa Joana d’Arc do lado de Carlos VII.

Capela do castelo de Verteuil que pertence à mesma família
Capela do castelo de Verteuil
que pertence à mesma família

Francisco I de La Rochefoucauld patrocinou a escolha de Francisco de Valois-Angoulême, filho de Carlos d'Orléans-Angoulême, Conde de Angoulême, e de Luísa de Sabóia, o qual se tornou rei de França em 1515 sob o nome de Francisco I.

Francisco II de La Rochefoucauld, fiel companheiro do rei Francisco I, construiu a maior parte do castelo: com galerias sobrepostas, capela e uma grande escadaria em espiral que pode ter sido desenhada por Leonardo da Vinci.

As galerias são sobrepostas em três pisos – caso único na França – , seguindo o modelo italiano do famoso Palazzo Farnese.

Porém, os construtores desse palácio renascentista (Francisco II e sua esposa, Anne de Polignac) tiveram o cuidado de conservar os elementos do castelo medieval anterior.

Agindo assim eles reafirmavam a continuidade da presença familiar atestada pelos edifícios antigos.

O arranjo foi estudado para que a torre permanecesse bem visível, tanto do exterior como do interior do pátio.

E isto é bem um elemento típico do espírito familiar nobre e com senso histórico.

Nas cidades hodiernas isto custa a se compreender: muda-se de apartamento ou de casa por meras razões econômicas ou vantagens de localização ou transporte. E mudando sem cessar, apaga-se a história familiar.

Também a qualidade da construção moderna visa a ser efêmera, em poucos anos ou décadas a casa moderna não dá mais, é preciso procurar outra.

Castelo de La Rochefoucauld: a história memorizada de uma família milenar
Castelo de La Rochefoucauld: a história memorizada de uma família milenar
As jornadas criminosas da Revolução Francesa chegaram até o castelo.

No dia 4 de setembro de 1792, revolucionários republicanos assassinaram em Gisors Louis-Alexandre, o duque de la Rochefoucauld.

Porém, fiel ao espírito de família, seu primo, François-Alexandre, duque de Liancourt, lhe sucedeu como Duque de La Rochefoucauld, garantindo a continuidade do passado familiar e iniciando a restauração do castelo.

François XII Alexandre foi um grande benfeitor: introduziu na França a vacinação contra a varíola (doença até então mortal para o homem), fundou a Escola Nacional de Artes e Ofícios (École nationale supérieure d'arts et métiers), assim como a Caisse d'Épargne (Caixa Econômica de Poupança, instituição bancária criada por decreto do rei Luís XVIII em 1818) e presidiu várias outras instituições.

A rica biblioteca do Duque de Liancourt foi transferida do Castelo de Montmirail, outra propriedade familiar.

Atualmente, depois de mais de mil anos de ocupação, o palácio ainda pertence aos La Rochefoucauld. 

Mil anos de uma família perpetuando seu nome, ligado indissoluvelmente a uma terra e a um castelo.

É propriamente um fruto requintado da tradição na Civilização Cristã.





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6 comentários:

  1. Olá, cheguei até este blog pesquisando sobre castelos medievais e confeso que não encontrei nenhum ite mais completo e interessante do que este!
    O Trabalho está excelente, apenas tenho algumas poucas considerações a fazer: pq não criar uma página no facebook para ajudar a divulgar este belo blog? Uma fanpage, além de tornar o trabalho muito mais popular através do compartilhamento dos próprios usuários do facebook, também serve como um feed para não perder nenhuma publicação nova.
    Enfim, parabéns pelo blog, pois o tema é fascinante.

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  2. Desculpe por não ter me identificado no comentário anterior. Acontece que eu estava logado e nem percebi.

    Tarcísio Bertim

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    1. Olá
      Ótima ideia!
      Nosso blog é muito caseiro, feito encima do joelho.
      Eu já tentei Facebook e fiquei desbordado de amigos.
      Era tanto o pessoal que eu já não conseguia fazer mais nada, e tive que escolher aliás contra minha vontade...
      E fiquei só com o que já tínha garantido que é o blog.
      Porém, se Vc. quiser, ou outros quiserem, montar essa página no Facebook, criar grupos, etc., fique inteiramente à vontade, pegue todas nossas matérias, ponha lá, promova, etc., como vc. achar melhor. Vc.saberá fazer.
      Atenciosamente, Luis

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  3. Tambem,acho legal a ideia de uma pagina no Face,seria mais facil de divulgar.
    Abraços

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  4. Prezado Edmundo,
    Respondo como a nosso amigo Tarcísio acima:
    Acho que e ótima ideia!
    Eu já estive em Facebook e fiquei desbordado de amigos mas, no fim, fiquei superado pelo movimento, e não conseguia fazer mais nada. Por isso tive que sair, não de meu agrado, mas para garantir pelo menos o que tinha, que é o blog.
    Mas, quem quiser montar página no Facebook, criar grupos, o que for, pegue todas nossas matérias, republique, crie outras páginas, inteiramente à vontade.
    Atenciosamente, Luis

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