quarta-feira, 31 de maio de 2023

Castel Sforzesco de Milão: castelo de nobre família

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Viajando pela Europa, conheci inúmeros castelos.

Um deles, muito belo e senhorial, é o Sforzesco, localizado atualmente dentro da própria cidade de Milão, na Itália.

Não tive tempo de ler nada sobre ele, apenas entrei, admirei e saí. Infelizmente, todos os móveis haviam sido retirados do edifício.

Pertence à nobre família Sforza, que reinou na região da Lombardia. Sforzesco quer dizer propriedade dos Sforza.

É um castelo com grandes torres, edificado com pedras lavradas de modo muito bonito.

As pedras ficam em seus quatros lados, não pontudas propriamente; mas vão se elevando até formar uma crista redonda no centro.

E o tempo tornou a pedra meio dourada.

Pátio interno
Uma visão muito bela do edifício é percebida em seu pátio interior, todo cercado de muralhas.

Dentro dele perdia-se completamente a noção da cidade.

Tinha-se a impressão de estar no campo.

O pátio estava ligeiramente ajardinado, com um agradável négligé poético e encantador, que os italianos sabem pôr nas coisas.

Quando se falava numa extremidade do pátio, ouvia-se o eco na outra.

Tinha-se a impressão de ecos do passado, que ainda repercutiam em nossos dias.

O castelo possuía em alguns lugares pontes levadiças, e em torno dele havia um fosso.

Quando o inimigo se aproximava, levantavam-se as pontes.

Com o tempo, desaparecendo as guerras urbanas, as pontes levadiças ficaram permanentemente abaixadas.

Torre central
As traves e as correntes que suspendiam as pontes foram caindo em desuso e acabaram apodrecendo.

Foi um erro, pois não deveriam ter permitido que isso acontecesse.

Em vista desse desleixo, em alguns lugares via-se um buraco no local que tinha servido para alojar as traves e as correntes.

Turistas passavam olhando através desses espaços vazios sem entender nada.

De repente, um deles viu através de um desses buracos um automóvel velho.

Voltou-se para a esposa e disse: “Olha a marca daquele automóvel ...”

Sintoma frisante de vulgaridade!

Diante de uma coisa maravilhosa como as muralhas daquele castelo, o turista prestou atenção na marca de um carro...

A beleza grandiosa de um edifício multissecular não era captada pelo homo hodiernus, fascinado pela mecânica.



(Autor: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, palestra em 5/5/1984. Sem revisão do autor.)





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quarta-feira, 17 de maio de 2023

A grandeza do Rei dignifica o cozinheiro.
Em Windsor, a casa da família real da Inglaterra

O castelo de Windsor é a casa da família real da Inglaterra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A primeira impressão é de um cenário para um conto de fadas.

A imensidade do edifício, a maravilhosa variedade de suas partes, a delicadeza e a força que se afirmam em todas elas, tudo enfim sugere a sensação de que se está em presença de algo que supera de muito a realidade cotidiana.

Este prédio, este fantástico conjunto de prédios é ao mesmo tempo, símbolo e escrínio de uma instituição: a realeza britânica.

Nesse símbolo — como em tantos outros da Inglaterra tradicional — as aparências ainda não trazem a marca do protestantismo, do liberalismo e do socialismo.

As enormes cozinhas de Windsor
O que nessas formas de granito se exprime é ainda o conceito medieval e católico da origem divina do poder público, da verdadeira majestade de que ele se deve cercar em qualquer regime político, e do cunho paternal que o deve caracterizar.

Cunho paternal, dizemos.

Este castelo não visa exibir massa, mas talento; não foi feito para intimidar, mas para encantar; o súdito que o contempla não estremece à vista dele, não tem vontade de fugir, mas de entrar.

E isto por uma razão simples: o Rei é pai que chama afavelmente a si os súditos, e não carrasco que amedronta.

As relações entre grandes e pequenos são influenciadas por este ambiente. A nobreza do senhor se transmite a seu servidor.

Auxiliares preparam um banquete
E a imensa cozinha de Windsor, muito autenticamente cozinha, é indiscutivelmente uma alta, nobre e digna cozinha de castelo.

Ela comunica algo da dignidade real à humilde atividade servil, e lhe dá um esplendor como que régio.

Porque na civilização cristã a grandeza do senhor não humilha o servidor, mas o eleva.




(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, “Catolicismo” Nº 104).



Vídeo: Windsor, a cozinha na casa da rainha da Inglaterra





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quarta-feira, 3 de maio de 2023

Alcácer de Segovia: castelo do heroísmo altaneiro

Luis Dufaur
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O Alcácer de Segovia poderia chamar-se heroísmo altaneiro! Porque suas torres desafiam o adversário de sobejo, de peito aberto!

Ele avança em direção ao abismo como quem desafia e já pisa o adversário para todo sempre.

O Alcázar de Segovia é um palácio fortificado em pedra, na cidade velha de Segovia, Espanha. É um dos mais distintos castelos-palácios da Espanha e tem forma de proa de um navio.

As origens do castelo remontam a uma fortificação construída durante a dominação romana nos primeiros séculos de nossa era.

Veja vídeo
Castelo de Segovia
Também foram identificados restos que falam de uma presença islâmica durante a época da invasão muçulmana iniciada no ano 711, século VIII.

Porém, o primeiro documento escrito que fala do castelo é do ano 1120, quer dizer de 32 anos depois de a cidade de Segóvia ser recuperada pelos cristãos.

Naquela época se tratava de um forte de madeira construído sobre velhas fundações do quartel romano.

O rei Afonso VIII de Castela (1155-1214) ergueu a primeira fortificação de pedra.

Ao longo da Idade Média foi uma das residências favoritas dos monarcas de Castela e foi a fortaleza chave na defesa do reino.

A maior contribuição individual para o alcázar foi do rei João II de Castela (1405-1454). Esse rei construiu a “Torre Nova”.

Em 1474, foi coroada neste castelo Isabel como Rainha de Castela e Leão. Também nele, a rainha Isabel casou com Fernando II de Aragão.

Em virtude do casamento se reuniram os dois maiores reinos da Espanha.

O Papa deu ao casal real formado por Fernando e Isabel o merecido título de “Reis Católicos” que ainda usam os reis da Espanha. Eles financiaram a descoberta de América por Colombo.

O poderoso Filipe II de Espanha (1527-1598) adicionou afiados pináculos de lousa para o assemelhar aos castelos da Europa Central.

Segovia: tronos de Fernando e Isabel, primeiros "Reis Católicos"
Segovia: tronos de Fernando e Isabel, primeiros "Reis Católicos"
Quando a Corte Real mudou-se para Madrid, o alcácer teve vários destinos até ser danificado severamente por um incêndio.

Em 1882 começou a ser restaurado. Em 1896, o rei Afonso XIII cedeu-o para colégio militar.

A música que acompanha o vídeo provém do “Cancionero de Palacio” (Madrid, Biblioteca Real, séculos XV e XVI).

Trata-se de um manuscrito que contém música espanhola do período histórico que coincide aproximadamente com o reinado dos Reis Católicos muito ligados eles próprios ao Alcácer.

Até nós só chegaram 469 peças nele incluídas. As obras são essencialmente de músicos espanhóis e as letras, além do castelhano, incluem algumas em francês, português e outras línguas.



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quarta-feira, 19 de abril de 2023

Palácio da Senhoria de Florença: seriedade e altivez

Luis Dufaur
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Durante muito tempo o Palácio senhorial de Florença foi a sede de governo de um pequeno Estado – o Grão-Ducado de Toscana, na Itália – que ocupou na cultura e no pensamento humano um lugar proeminente.

Foi uma grande potência do pensamento.

O palácio é típico do estilo florentino. Sua cor é bonita, o amarelado da pedra utilizada na construção apresenta aspecto agradável, nada mais do que isso.

Uma torre quadrada com relógio, janelas, algumas em forma ogival, outras puras perfurações na parede, destituídas de beleza especial.

Estamos habituados, na ótica moderna, à idéia de que a torre deve estar bem no meio do edifício.

Ali não. A torre fica um pouco mais para o lado direito da fachada.

E o relógio está colocado na base da torre, quando normalmente localizar-se-ia em sua parte superior das ameias, para ser visto pelo maior número de pessoas.

Constata-se a simplicidade do estilo do edifício, procurando-se nele uma porta de entrada monumental, que deveria ser proporcional à fachada principal. Ela não existe.

À frente de uma das janelas há um balcão. Dir-se-ia que um palácio tão grandioso comportaria um balcão mais bonito, mais elegante.

Igualmente este não se encontra no Edifício.

O estilo florentino é seco, quase lambido. Reflete a psicologia dos habitantes da cidade.

Esse edifício é belo? É lindo! Para meu gosto pessoal é extraordinário! Sério e altivo.

O modo pelo qual a torre ergue-se altaneira no corpo do palácio é extraordinário.

Uma palavra convém dizer sobre a fileira de arco que circundam a parte superior de todo o edifício.

Os arcos estão cobertos por um teto, com uma nota de suavidade, quase se diria doçura séria, hierática e agradável, que completa um pouco o que o palácio tem de seco.

Na realidade, tais arcos são grandes machicoulis* ornamentais, utilizados como elementos de adorno na arquitetura da época.

E merece ser ressaltado o bom gosto em colocar no interior de cada um dos arcos – formado pela conjugação de dois machicoulis ­­– um vistoso brasão.

Tais ornamentos constituem um fator de decoro da Praça do Palácio da Senhoria.

Imaginemos uma pessoa que sai de seu escritório à noite.

Ela deixou um pequeno carro qualquer estacionado junto ao Palácio.

Chove, ela sai com uma capa de chuva, fumando um cigarrinho ‒ ele já fumou 20 durante o dia ‒, cansada. Chega junto ao carro. Ela vê diariamente aqueles machicoulis.

Tal pessoa terá altura de alma para reter o passo e entreter-se na consideração do palácio?

Podemos imaginar dois modos de ser distintos.

Um é o do homem que está atolado no mundo moderno, gosta deste mundo e passa perto do palácio considerando-o uma coisa inoportuna.

Se ele olhar para o edifício, transferirá seu espírito das considerações sobre o seu ganha-pão, para considerações com as quais ele nada tem o que fazer.

O palácio ‒ para usar uma expressão italiana que freqüentemente me tem vindo ao ouvido ‒ é uma coisa “con la quale o senza la quale, il mondo va tale quale” (com a qual, ou sem a qual, o mundo segue tal e qual).

E esse homem, assim, torna-se ainda mais insensível ao palácio.

Se ele, pelo contrário, é dotado de mentalidade superior, distancia-se um pouco, apesar da chuva, e diz: “Vou descansar, olhando para esta beleza. Vou tomar um banho de espírito pensando nela, contemplando-a alguns instantes ...”

Entra no automovelzinho, dá um giro, recua um pouco e, enquanto acaba de fumar o seu cigarro, fica observando pela enésima vez em sua vida o Palácio da Senhoria.

E admira, por exemplo, as duas séries de pequenos machicoulis* e de ameias existentes na parte superior da torre...

Aquilo entranha-se na alma dele. Seu espírito torna-se mais rico, como um depósito de arte de algum modo insondável.

Os homens desse último gênero são incomparavelmente mais raros do que os do primeiro.

Eis aí uma explicação viva da insensibilidade, que é uma das tentações do homem moderno...

*Machicoulis: balcão de pedra construído no cimo das muralhas e das torres, na Idade Média, cujo fundo apresentava aberturas pelas quais o defensor lançava sobre o atacante toda a sorte de projéteis.

(Autor: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, 23-11-1988. Sem revisão do autor. Catolicismo, dezembro 1998).


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